terça-feira, outubro 31, 2006

Solidariedade à Oaxaca - México

GUERRA EM OAXACA

Forças do governo matam três e avançam sobre a cidade

Ação da polícia e de paramilitares contra movimento insurgente em Oaxaca, no México, matou três pessoas nesta sexta (27), dois ativistas e um jornalista americano. Neste domingo, Polícia Federal Preventiva começou a retirar as barricadas montadas nas ruas pela Assembléia Popular Permanente, que quer a renuncia do governador Ulisses Ruiz, do PRI.
da Redação de Carta Maior

SÃO PAULO – Uma ação simultânea da polícia e de paramilitares em cinco pontos da cidade mexicana de Oaxaca - paralisada desde final de maio por manifestações contra o governador Ulisses Ruiz , do Partido Revolucionário Institucional (de direita) -, deixou um saldo de três mortos nesta sexta (27). As vítimas são o professor Emilio Alonso Fabián, o ativista Esteba Ruiz e o jornalista americano Bradley Roland Will, documentarista do Indymedia de Nova Iorque.A morte de Brad Will, que tem atuado na cobertura das ações do movimento social na América Latina – em fevereiro de 2005, foi um dos principais responsáveis pelo registro do despejo violento da ocupação Sonho Real, em Goiânia, quando a polícia matou duas pessoas – e o acirramento das tensões neste sábado (28) levou o governo mexicano a dar aos insurgentes da Assembléia Popular Permanente de Oaxaca (APPO) um ultimato para que liberem ruas e praças. Segundo a imprensa local, o governo ameaçou enviar cerca de 4 mil homens da Policia Federal Preventiva (PFP) e das forças armadas, mas uma negativa da APPO levou a Secretaria de Governo a retardar a ação para a manhã deste domingo (29).Por volta das 10 h, a PFP começou a avançar com ônibus e helicópteros sobre as barricadas, onde centenas de manifestantes permaneciam com ordens de permanecer em “resistência pacífica”. Cantando o hino nacional e com flores nos braços, os ativistas, entre eles muitas crianças, enfrentaram tanques da PFP e foram registrados disparos vindos de carros sem identificação.Por volta das 13:h, forças federais em tanques enfrentaram manifestantes que fechavam a rodovia para a capital mexicana, Cidade do México, com jatos de água e gás lacrimogêneo. Em outro local, os ativistas responderam aos ataques da polícia deitando no chão e formando um tapete humano para evitar o avanço dos tanques.Por volta das 15:h, segundo agencias de notícias, as forças da PFP recuaram, após quase tomar a praça central do centro histórico. Não foram divulgadas informações sobre novas mortes, nem o número de presos e feridos.Jornalista americanoA morte do jornalista Brad Will gerou manifestos de repúdio em todo o mundo. Segundo o Indymedia, Will estava cobrindo o processo de resistência e repressão à APPO, uma coalizão de grupos e movimentos sociais formada após a greve dos professores naquela histórica cidade mexicana. A APPO pede a renúncia do governador do estado de Oaxaca, Ulises Ruiz Ortiz, acusado de corrupção e fraude eleitoral e defende a substituição do governo do estado por assembléias populares.No Brasil, o Centro de Mídia Independente esta convocando uma manifestação em frente ao consulado geral do México em São Paulo, na próxima terça-feira, dia 31 de outubro, às 13 horas.

Com informaçãos de Indymedia e de La Jornada.

Acompanhe mais informações:

http://www.midiaindependente.org

quinta-feira, outubro 26, 2006

Doce Refúgio: Cooperifa

Festa. Festa para mim é sinônimo de Alegria. E festa, com alegria, só pode ser Festa do Povo.
Porque Festa de gente rica pode até ter muita fartura, muito conforto, mas não tem alegria. Porque não tem espontaneidade. Muitas vezes falta o abraço, o olho no olho sincero, a entrega e troca de palavras. É preciso manter a compostura, a fineza. E isso não dá liga. Por isso que para mim, festa, com alegria, é a festa do povo.
E teve Festa mais linda que o Aniversário de 05 anos do Sarau da Cooperifa?
Não teve. Ao menos, a humilde pessoa aqui não se recorda no momento de outra. Talvez seja a embriaguez, que me envolve até hoje, quatro dias depois do ocorrido, fazendo com que eu escreva estas poucas e tortas linhas. A verdade é que foi muito lindo, e eu preciso deixar registrado.
Emoção igual senti apenas no Fórum Social Mundial, em 2005, durante a marcha de Abertura. Mais de 200 mil pessoas andando pelas ruas de Porto Alegre, rostos multicoloridos, alegria, protestos, felicidade. Foi lindo. Como o Aniversário da Cooperifa.
Não posso dizer que não faltou nada. Senti falta de minha namorada, Tânia. Mas ela esteve comigo em pensamento, em vários momentos.
A emoção maior para mim durante a festa foi ver os poetas chorando, quando o Samba da Hora cantava: “Nós iremos achar o tom, um acorde com lindo som, e fazer com que fique bom outra vez o nosso cantar. E a gente vai ser feliz, olha nós outra vez no ar, o Show tem que continuar...”
O Show tem que continuar. E continuou. Nas asas de minha imaginação, enquanto estava emocionadíssimo com a cena, naquela tarde de sol, churrasco, amigos e muita bebida, abençoado pela sombra da grande árvore que habita o Zé do Batidão (se alguém souber que tipo de árvore se trata, por favor me avise). Recordei do que vira há poucos dias antes: a poesia do Fundo de Quintal e de uma Tamarineira.
Meu irmão me emprestou um dvd do Fundo de Quintal, “Fundo de Quintal Ao Vivo Convida”. Além do show, ao vivo, há um documentário, contando a história do grupo. E ta lá, a história do Grêmio Recreativo Bloco Carnavalesco Cacique de Ramos, Berço do Fundo de Quintal e de outros tantos sambistas. E a história de sua Tamarineira.
Tamarineira é uma árvore que ocupa a Rua Uranus, 1326, sede do Cacique Ramos. Lá, a mãe de Bira Presidente colocou um patuá e abençoou dizendo que quem ali pisasse com dotes, bem intencionado, que as suas qualidades, suas virtudes iriam transparecer (“Axé, plantado na ponta do pé tem axé, Axé, plantado na ponta do pé. Patrimônio Cultural, Tamarineira...”). E ali, aos pés da Tamarineira, grandes nomes da música surgiram ou passaram: Beth Carvalho, Alcione, Zeca Pagodinho, o próprio Fundo de Quintal com Neoci, Almir Guineto, Jorge Aragão; Dudu Nobre, Leci Brandão, Luiz Carlos da Vila.
Este último, em seu depoimento no documentário falou de algo que muito me emocionou. Da “cozinha” de samba que era feita, todas as NOITES DE QUARTA FEIRA, sob a Tamarineira. E não era apenas uma reunião de sambistas cantando sambas da moda, conhecidos na época, não. Havia pólvora de primeira qualidade solta no ar: os sambistas levavam sambas inéditos. Era quase como um desafio. Não anunciado. Jorge Aragão e Luiz Carlos da Vila confirmam: a reunião de todas as quartas, a gana por levar um samba novo toda semana, sem nenhum compromisso com o sucesso, com a fama, foi extremamente saudável. E produtivo. Muitos sambas conhecidos até hoje saíram desse período, e foram primeiramente apresentado nessa reunião, as quartas feiras.
Bem, disse tudo isso porque essa declaração me lembrou do Cooperifa. Primeiro, porque é assim que eu me sinto. Há um certo desafio (ao menos para mim): levar algo novo, toda semana. Quando não dá, tudo bem. Relemos outras coisas boas, dos novos ou antigos. Mas este desafio estimula a criatividade, e somando-se as injeções literárias de toda quarta feira... É um verdadeiro Barril. Toda vez que chego em casa do Cooperifa, as vezes as 0h30, 01h00 da madrugada, apesar do cansaço, ainda tenho vontade de escrever, criar. Injeção Literária. Há algo mais saudável para o processo criativo do que isso?
E segundo, porque depois daquele domingo, aquele Samba, embaixo daquela árvore. Para mim esta ali a nossa própria Tamarineira (com todo respeito à original), exercendo o mesmo papel: abençoando aos que ali chegam, com boas intenções e humildade, exaltando suas virtudes. Oxalá.
E pra fechar, uma música linda, com um nome mais bonito ainda, que não me sai da cabeça por estes dias quando eu penso na poética história do Fundo de Quintal e sua Tamarineira, e do Aniversário de 05 anos da Cooperifa e tod@s @s nossas maravilhos@s histórias e dos Poetas:

“Sim, é o Cacique de Ramos
Planta onde em todos os Ramos
Cantam os passarinhos das manhãs.
Lá, do samba é alta a bandeira
E até as Tamarineiras
São da poesia guardiãs...”

Doce Refúgio – Luiz Carlos da Vila


Salve,

Rodrigo Ciríaco

p.s.: recomendações:
1 – Não deixe de ver o dvd Fundo de Quintal Ao Vivo Convida, principalmente o documentário completo. Como disse, é lindo, há uma identificação com a magia da Cooperifa e gratas surpresas (que não vou contar aqui para não estragar).
2 – Se ainda não foi ao Sarau da Cooperifa, VÁ! Toda Quarta feira, a partir das 21hs, no bar do Zé do Batidão.

terça-feira, outubro 24, 2006

CONSUMO HUMANO supera capacidade de RECUPERAÇÃO DO PLANETA

Traduzindo: estamos morrendo. Mais rápido do que deveríamos.

É o alerta que faz a organização ambiental WWF (http://www.wwf.org.br/). Se não mudarmos nossos costumes, baseado neste ofensivo paradigma capitalista de estímulo ao consumo e a uma vida consumista, teremos uma grave crise ambiental-social-econômica-militar-humana, EM MENOS DE 50 ANOS.

Eu me pergunto: como ficará a vida de nossas crianças, nossos filhos? Sim, porque eu vou estar velho, para mim não fará tanta diferença. Mas e as futuras gerações?

É URGENTE! Precisamos mudar nosso estilo de vida. Cada um de nós. Consumir menos, reciclar nossos lixos, tomar banhos mais rápidos. Reduzir, Reutilizar, Reciclar.

Se não começarmos agora, não faz sentido pensarmos sobre "O Futuro".

Simplesmente não hávera este. Não para nós.

E não há nada aqui de profético. Apenas realístico (e científico).


Rodrigo Ciríaco


Relatório afirma que consumo humano supera capacidade de recuperação do planeta - 24/10/06

A degradação dos ecossistemas naturais acontece num nível sem precedentes na história. É o que mostra o Relatório Planeta Vivo 2006, relatório bianual divulgado hoje pela rede WWF. O documento analisa o estado da natureza e indica que, se as atuais projeções se concretizarem, a humanidade consumirá perigosamente até 2050 duas vezes mais recursos que o planeta pode gerar por ano. Entretanto, existe uma clara diferença entre países desenvolvidos e em desenvolvimento. O Brasil, por exemplo, está praticamente na média de consumo mundial, mas ainda assim os brasileiros consomem mais do que o planeta agüenta. O Planeta Vivo 2006 reúne diferentes dados para compilar dois indicadores do bem estar da Terra. O primeiro é o índice Planeta Vivo, que avalia a biodiversidade, baseado nas tendências de mais de 3600 populações de 1300 espécies vertebradas no mundo. O segundo índice, a “pegada ecológica”, mede a demanda da humanidade sobre a biosfera (quantos hectares uma pessoa necessita para produzir o que consome por ano).O documento, o sexto da série, confirma a tendência de perda de biodiversidade, já apontada nos levantamentos prévios. Os números gerais indicam uma acentuada perda de recursos naturais. Em 33 anos (entre 1970 e 2003), houve redução em um terço das populações de espécies de vertebrados analisados. Simultaneamente, a “pegada ecológica” da humanidade aumentou, com a demanda 25% maior do que a oferta de recursos, a ponto de ameaçar a capacidade de regeneração do planeta, ou biocapacidade. O ponto de equilíbrio entre o consumo e a regeneração dos recursos naturais do planeta seria equivalente a 1,8 hectares globais por ano por pessoa. Porém, o relatório mostra que já consumimos mais que isso para manter os padrões atuais de vida. O consumo médio, ou a “pegada ecológica”, foi de 2,2 hectares globais por pessoa anuais. Os dados mostram ainda que o consumo é mais acentuado nos países desenvolvidos. Porém as maiores perdas (biodiversidade, biomas) encontram-se em áreas em desenvolvimento. Em 30 anos, 55% das populações de espécies tropicais desapareceram por causa da conversão de habitats naturais em lavouras e pastagens. No mesmo período, as populações de espécies de água doce analisadas sofreram redução de 30%. Em apenas dez anos, metade dos manguezais da América Latina foi destruída (2 milhões de hectares). “O ritmo de consumo dos recursos naturais disponíveis supera a capacidade de recuperação da Terra. O grande desafio é aumentar a qualidade de vida e reduzir o impacto sobre o meio ambiente”, diz Denise Hamú, secretária-geral do WWF-Brasil. Países em desenvolvimento têm sofrido as maiores perdas, entretanto, suas “pegadas ecológicas” de maneira geral não ultrapassam a biocapacidade per capita ao longo dos últimos 30 anos. Eles conseguiram melhoras expressivas em seus Índices de Desenvolvimento Humano (IDH). Os Porém, desde a ECO 92, houve um incremento de 18% na “pegada ecológica” dos países de alta renda. “Para que tenhamos desenvolvimento sustentável é preciso um equilíbrio entre IDH e biocapacidade per capita, ou seja, desenvolver sem destruir” completa Hamú.A “pegada ecológica” de gases causadores do efeito estufa resultante do uso de combustíveis fósseis foi o item que mais cresceu mundialmente: mais de nove vezes entre 1961 e 2003. Os grandes vilões são os países desenvolvidos. A participação das emissões de gases causadores do efeito estufa resultante do uso de combustíveis fósseis dos Estados Unidos, por exemplo, é de 59% de sua “pegada”. Para os Emirados Árabes, o percentual fica em 77% e para o Canadá, 53%. Dentre os países em desenvolvimento, Índia, China e México apresentam números elevados de participação de emissões de CO2 em suas pegadas (32%, 47% e 45% respectivamente). No Brasil, as emissões por uso de combustíveis fósseis estão na casa dos 17%. A agricultura (26%), a pecuária (29%) e os usos florestais (21%) são os principais contribuintes às emissões dos gases causadores do efeito estufa. Estes números mostram uma matriz energética razoavelmente limpa, mas as pressões, como o desmatamento, sobre os ecossistemas são enormes. “Para nos desenvolvermos de forma sustentável, temos de melhorar no que já somos bons, não podemos sujar nossa matriz energética.Devemos investir em eficiência e ampliar a diversidade de fontes renováveis não-convencionais no Brasil. Porém, isso só não basta. É imprescindível evitar a perda de nossas florestas. Temos de estabelecer metas claras para redução do desmatamento” afirma Leonardo Lacerda, superintendente de Conservação do WWF-Brasil. Os países com mais de um milhão de habitantes que tiveram a maior “pegada ecológica” foram os Emirados Árabes Unidos, os EUA, a Finlândia, o Canadá, a Estônia, a Suécia, a Nova Zelândia e a Noruega. Apesar de estar entre as quinze maiores economias mundiais, o consumo médio per capita dos brasileiros coloca o país na 58ª posição do ranking da “pegada ecológica”. A China encontra-se num patamar intermediário (em 69º lugar), mas o rápido crescimento econômico indica um papel central na manutenção de um caminho para a sustentabilidade.O relatório aponta ainda para a idéia de regiões e países com crédito ou débito ecológico, isto é, onde a biocapacidade é maior (crédito) ou menor (débito) do que a pegada ecológica. Com isso, nos próximos cem anos, a geopolítica atual deve mudar da divisão entre países em desenvolvimento e desenvolvidos para o conceito de credores e devedores ecológicos. Para que a “pegada ecológica” e o índice Planeta Vivo sejam mais positivos, são sugeridas várias medidas urgentes como planejamento familiar, oferecendo à mulher melhoras no acesso à educação, saúde e oportunidades econômicas; redução do consumo em países desenvolvidos; diminuição da intensidade da “pegada” por meio da redução dos recursos usados na produção de bens e serviços; aumento das áreas produtivas com a recuperação de áreas degradadas; e incremento na produtividade por hectare, levando em consideração aspectos tecnológicos e de degradação.

http://www.wwf.org.br/index.cfm?uNewsID=4400

Com a palavra, O Poeta

"O aniversário da cooperifa foi uma das festas mais bonitas que eu já vi na minha vida, centenas de pessoas numa única sintonia: comungando a amizade. Tem gente lá até agora.
É muito difícil escrever sobre o inexplicável, por isso optei pelas imagens, quem foi sabe do que eu estou falando, que cada um presente dê a sua versão. Um povo lindo, um povo inteligente, fiquei com inveja da gente, é possível?
Um beijo para quem faz da minha vida, uma vida menos medíocre, a minha família Cooperifa.
Todo amor do mundo.
Sob lágrimas,

Sérgio Vaz"

Aniversário Cooperifa

Salve a natureza, ensolarada, abençoando os poetas periféricos




Não resisti: MAIS FOTOS! Aniversário COOPERIFA

Foi bonito de (re)ver: Marco Pezão e Sérgio Vaz

De "canto", pegando Robson fotografando


COOPERIFA: Samba, Consciência e Atitude

segunda-feira, outubro 23, 2006

Final (de semana) Feliz - 3

Folhas de Tamarineira
rodrigo ciríaco

Certo dia despertei
Iluminado
Pensava ter sido a janela
Deixada aberta
Invadida agora pelo Sol
Companheiro de minha face
Em meu quarto.
Mas não, neste dia
Não fora tão simples
Quanto apenas ter acordado
Havia mais, muito mais
Havia a sensação de se ter emergido
De um profundo sonho.

Nele, homens e mulheres não brigavam
Mas conversavam, liam e declamavam
Contos, poemas, fatos recordados,
O real e o imaginário.
Falavam sobre literatura.

O que antes aparecia
Como uma dama solitária
Por vezes vazia
Tomou corpo,
Voz, sentido e melodia.
Revi e ouvi autores
Diretamente saído dos livros.
Alguns mais interessantes do que outros
Mas digo: todos foram indispensáveis.

E do simples abrir de uma porta a outra
Aparecia eu em uma casa outra
Fantátisco e inexplicável
Como só os sonhos conseguem ser
Imprevisíveis.

Estava num bar
Havia poucas mesas
Mas muitas pessoas
O churrasco corria a solta
Mas não nos fartávamos
Apenas de comida.
Homens, mulheres e crianças
Sambavam embaixo de uma árvore
Que não era a Tamarineira
Mas trazia a força da benção
De seu patuá e faziam
Da poesia guardiã.
Era o Samba da Hora

Cantavam versos, novos e antigos
Criando o clima de encontro
De desencontrados amigos
Era pura alegria.

Neste sonho
Homens e mulheres
Não viam a cor da sua cor
Mas se olhavam nos olhos
E se abraçavam.

Provocavam uma imensa chuva
de lágrimas, de alegria
Em plena primavera
Garantindo assim farta colheita
nos próximos verões, outonos e principalmente
nos invernos.

Estava embriagado.
Sambava sobre o degrau
Mas a sensação era de quem estava
Nas nuvens.

Acordei.

Demorei para me recompor
Demorei para me levantar
Quando consegui, cheguei a sala
Olhei e pensei:

Esta calça pendurada
Esta camiseta suada e engordurada
Este caderno de anotações
Estes livros autografados
Este cinto desajeitado
Este sapato virado
Este aparelho portátil disparador de flashs
Estas fotos
Apenas confirmou:

Sim, foi tudo um sonho
Mas foi principalmente
Realidade.



"Parabéns à você... É tudo nosso, é tudo nosso, é tudo nosso. Uh Cooperifa, Uh Cooperifa."

Crianças no Aniversário da Cooperifa

Final (de semana) Feliz - 2


VAZgabundo emocionado. Pudera, só quem não estava lá é que não ficou.

Aniversário da Cooperifa: Danilo e Rose no destaque

Final (de semana) Feliz

Balada Literária nº 0 - Monteiro Lobato e Marcelino Freire ao fundo


Uma das muitas mesas da Balada: Chico César, José Miguel Wisnik e o homenageado, Glauco Mattoso


Festa de Aniversário de 05 anos da COOPERIFA: Samba da Hora

sexta-feira, outubro 20, 2006

Literatura na veia

É, pois é. Fiz História. Essa dama solitária que, dizem alguns, volta e meia se repete. Desconfio. Não desconverso. E com verso, verbo, busco ritmo. Cai com outra dama. A literatura.
Amo a uma não tirando o olho da outra. Sabe, "um no peixe, outro no gato."
E quem gosta de literatura, não pode perder uma balada. Principalmente se for literária.
Pois este final de semana a agenda tá cheia. Confira no blog (http://www.baladaliteraria.blogspot.com/) a programação. E se no domingão não tiver nada pra fazer, ainda tem o aniversário da Cooperifa. E se tiver, desmarque tudo e aparece por lá. Mais infos no blog do vadio Sérgio Vaz (http://www.colecionadordepedras.blogspot.com/).

Literatura na Veia.

Em Homenagem

à Robson Canto
e Emanuele Seco

"Não preciso de modelos,
não preciso de heróis,
eu tenho meus amigos
e quando a vida dói,
eu tento me concentrar
num caminho fácil..."
Legião Urbana

terça-feira, outubro 17, 2006

O dossiê do dossiê (IV): Minority Report

Flávio Aguiar - Agência Carta Maior

A eleição está deixando meu amigo Saul Leblon com incontinência epistolar. Olhem só a mensagem que ele me mandou, citando o filme ‘Minority report’ e a última edição da revista Veja, que tenta arrastar Freud Godoy à cena do dossiê e ainda chama o Marco Aurélio Garcia de 'bin laden'.

“Meu caro Flávio:

Você se lembra daquele filme com Tom Cruise, o “Minority report”? Nele um serviço de segurança do futuro dispunha de meios para identificar e prevenir crimes. Quando aparecia o nome do criminoso potencial lá na bola de cristal deles, as equipes saíam à cata do suspeito para detê-lo e impedir a consecução do malfeito. No filme tudo acaba dando errado, pois o serviço se baseia numa presunção de culpa típica das sociedades autoritárias, além de outros problemas que não vou adiantar aqui para não tirar o suspense de quem ainda não o viu. Em todo caso, a idéia de impedir o crime se justificava no filme pela sua natureza: tratava-se sempre de um homicídio. Se não houvesse prevenção, a vítima iria para o beleléu.Nesta semana várias coisas me trouxeram o filme à memória. Uma delas foi o clima inquisitorial da revista Veja, com sua matéria de capa “Limpeza de alto risco”, em que tenta arrastar Freud Godoy à cena do crime, quero dizer, à cena do dossiê, e logo explicarei a diferença. Clima inquisitorial? Não só isso: deselegante ao extremo. Lá pelas tantas (pág. 58) chama o presidente interino do PT de “O bin laden Marco Aurélio Garcia”. Ora, qualquer um que conheça Marco Aurélio sabe da inadequação da referência.Mas o macartismo explícito vem numa frase da reportagem de capa, depois de tentar mostrar, com base em documentos anônimos (como anônima era a fonte das famosas fotos do dinheiro no hotel, que no fim não era tão anônima assim) que Freud negociou com Gedimar Passos e com outras gentes (há até insinuações sobre dinheiros) o desmentido deste quanto à participação do primeiro no episódio desastrado da tentativa de compra do dossiê Vedoin/Serra/Barjas Negri.A frase diz (pág. 49): “A favor de Freud, é claro, se pode levantar a hipótese de que um homem inocente tem o direito de tentar de todas as maneiras, mesmo as mais desesperadas, provar sua inocência”. Que ato falho do redator de plantão, hein, Flávio? Além de declarar Freud inocente, a frase transforma um direito numa hipótese, e inverte o princípio consagrado de que a prova cabe à acusação, não ao acusado. Ou seja, ela saiu diretamente dos princípios que norteavam os processos do Santo Ofício, mais conhecido como Inquisição, em que o ônus da prova era sempre do acusado que, em geral, nem sabia qual era a acusação que pesava contra ele.Mas há mais, meu caro Flávio. A leitura da matéria brilhante de Raimundo Pereira em Carta Capital, em que ele conta como foi a urdidura da trama das fotos e da ocultação de quem era a fonte, o delegado Edmilson Bruno, por parte da imprensa envolvida, também me lembrou do filme Minority report, mas por outra razão. Edmilson Bruno foi quem deteve os aqualoucos, como diz você, do PT naquele hotel em S. Paulo.Mas veja bem, meu caro Flávio, esta operação da PF não seguiu seu padrão usual. Vamos voltar no tempo, meu caro, vamos recordar cenas mostradas à larga de casos semelhantes, em que vai se pagar uma propina em troca de um favor. A filmagem é feita até completar-se o delito, a troca de mãos do dinheiro e do objeto ou a promessa do favor. Depois a polícia intervém e pega os caras com a mão na botija, no caso, no dossiê. Neste caso não. Curioso, hein, Flávio? Os agentes envolvidos agiram como no “Minority Reporto”. Os supostos vendedores do dossiê foram barrados antes, e o flagra no hotel deu-se apenas com os atrapalhados compradores.Começa, caro, que comprar informação não é crime. Tratou-se portanto de um flagra em cima de um não-crime, que sequer chegou a acontecer: o não-crime que não aconteceu! Crime poderia estar na obtenção da vultosa soma, se irregular. Assim mesmo, para caracterizar o ilícito completo, mister se fazia testemunhar a operação em execução, não apenas o projeto de eventualmente executá-la: teria que haver diálogos, troca de idéias, avaliações, mostrando a intenção de usar de modo ilícito o tal de dossiê – que na verdade nem chegou a S. Paulo.A forma da operação mostra que, no fim de contas, seu objetivo era e seu resultado foi */exibir o dinheiro e preservar o dossiê/* – se é que ele existe de fato. De quebra, envolveu-se Freud. Tanto era esse o objetivo da operação comandada pelo delegado Edmilson que, como seu objetivo falhou, pela intervenção republicana da cúpula da PF, o delegado tenazmente mentiu aos colegas, foi ao local onde se encontrava uma pilha de dinheiro, e a fotografou, entregando-a com aqueles salamaleques de palavrões acobertados pela imprensa aos seus destinatários primevos: os jornalistas de plantão. Na entrega, só faltaram os emissários da equipe de TV da campanha de Alckmin, que estavam na sede da PF quando os detidos e a grana lá chegaram. Se o flagra fosse dado no hotel durante ou após a troca de mãos entre o dinheiro e o tal do dossiê, obrigação seria mostrar ambos – dossiê e dinheiro – e isso não estava, como pode se deduzir por sua forma, nos planos da operação. O dossiê que chegou às telas da internet e das emissoras de TV era uma bobajada de cenas constrangedoras, sim, mas inócuas do ponto de vista de incriminação. Examinado pelos supostos compradores, talvez a conclusão pudesse ser a de que não valia a pena, e o flagra não teria razão de ser.Diz-se em comentários na imprensa que sim o dossiê existe de fato, que o deputado Fernando Gabeira o tem, mas este ultimamente só se dedica a enxovalhar Lula e os petistas e a preservar os tucanos, diz-se também que a PF do Mato Grosso o tem e que a CPI também o tem, mas enfim, o dossiê parece mais resguardado que o famoso segredo de Fátima, ou que a verdade sobre a morte de Kennedy.Meu caro Flávio, por hoje chega. Mas mais teremos, porque a capacidade de gerar culpados na imprensa, sem direito à “hipótese” da defesa, só parece se igualar à capacidade de alguns petistas em colocar os pescoços – o deles e o nosso – na guilhotina”.

http://agenciacartamaior.uol.com.br/templates/colunaMostrar.cfm?coluna_id=3359&boletim_id=144&componente_id=2592

E hoje

"Corporações", filme
ou um soco no estômago?

Meu avô no hospital agoniza.

Coréia: novo conflito?

E hoje, tudo o que preciso
é um abraço. E um sorriso.

segunda-feira, outubro 16, 2006

Educador ou Professor, eis a questão?

rodrigo ciríaco

Não sei se sou um educador.
Não sei se sou um professor.
O que sei apenas
é que no primeiro ano oficial de minha função
por todos os dias me ocupei
com esta profissão,
seja na reflexão ou na prática.
Encarei salas de aula
corredores, encontros pedagógicos,
mães, pais, alunos e professores.
Meu trabalho era
desenvolver uma disciplina,
A História,
mas o meu ofício
muito mais de mim exigia.
Precisava ser exemplo,
conciliar conflitos,
exercitar o diálogo,
aceitar a diferença,
provocar os alunos.
E por que não os professores?
Buscava sabedoria,
Disciplina, diálogo,
Tolerância e respeito
A mim e aos outros
Tarefas nunca fáceis.
Muitas vezes tive medo,
E o medo me impediu de dar aulas
me gerou insegurança, faltas.
Fez eu desejar
que outro profissional
ocupasse o meu lugar
pensando que faria
melhor do que seria.
Algumas vezes gritei,
Outras, desesperei.
Nesses momentos, abri o jogo,
Quando fraco, fui sincero
e quase chorei.
E nestes mesmos momentos
onde encontrava opressão
da mesma moeda vi a outra face
a compaixão
Vi o aluno
Vi o humano
Vi o ser-alguém.
Algumas vezes cometi injustiças.
Desavisado, fui cobrado a ser juiz
Ora executor, ora sensato,
Eu também fui carrasco
Mas procurei redimir os meus erros,
Aceitar a minha culpa, pedir desculpas.
Pago pelo excesso, não pela omissão.
O que não fiz foi
deixar de acreditar naqueles
Garotos e garotas
Dos 11 aos 54 anos,
Ainda que não falassem,
Ainda que não me ouvissem,
Ainda que muitos não soubessem ler e escrever
- e como isso é duro
para quem está há anos na escola -
Mas eu procurei entender seus sentimentos,
ler sonhos,
somar desejos,
dividir frustrações, tristezas e
multiplicar utopias.
Não deixei de estudar minhas aulas,
me preparar para as atividades
e tentar levar um pouco mais
de poesia,
seiva da vida
Com o ofício de ensinar
muito mais aprendi,
só ainda hoje não sei
se sou um educador
ou se sou um professor.
Sinceramente,
daquilo que entendemos por educação
a discussão sobre esta rotulação
faz-se imprescindível ser
o menor de nossos conflitos.

domingo, outubro 15, 2006

Provocações

Para quem gosta de um bom filme, que para mim significa "tirar a gente do lugar", indico dois que assisti no final de semana:
- Paradise Now
- A Intérprete
Estou digerindo ainda sobre o que vi nos dois filmes, por isso dispenso os meus comentários sobre eles. Posso dizer que ambos são muito provocativos e causam desejos além de apenas se escrever.
Abraço,

p.s.: meus dias tem sido muito frutíferos e corridos, escrevo logo mais e detalhadamente sobre isto depois...

terça-feira, outubro 10, 2006

Os daqui, Os de lá

à Fernando Evangelista


eu choro por aqui,
e pelo Líbano, Israel ou Bagdá
pois não vejo números ou mera estatística,
mas vejo o longo, penoso e doloroso
ceifar de vidas.

Não seria tão cruel se não pudesse ser evitado.
Não seria tão desumano se não pudesse ser interrompido.

contam-se as lágrimas, contam-se os corpos,
contam-se as balas, contam-se as vitórias.

Vitórias?

Perdem-se as histórias.
Perdem-se as vidas.
Vidas! Vidas!! Vidas!!! Não canso de repetir:
Vidas!!! Que merecem ser bem vividas.

São Paulo amanhece, não é mais uma cidade
é um campo de batalha camuflado
onde a guerra é um sintoma
da nossa doença chamada Descaso,
Ignorância, Indiferença,
Miséria, Exploração.

Violência pela violência.

No Líbano eu não sei
se amanhece, se entardece,
O que vejo são fotos disparadas
Por máquinas deslocadas,
publicando a fumaça
Que encobre o que resta da cidade
E por trás de suas cortinas:
Crianças
Jovens
Adultos
Velhos
Humanos.

Mortos. Cem Vidas. Duzentas, Quatrocentas,
Mil. Pessoas. Sem vidas.

E eu nem sei os seus nomes.
Os daqui, os de lá.
E eu nunca poderei conhecê-los.

De São Paulo ao Líbano
o que me identifica são as mortes
e o meu coração.
Tenho vinte e cinco anos
e estas são as minhas primeiras guerras,
ao menos aquelas que eu dedico
mais atenção.

E eu nem contei os mortos.
Os daqui, os de lá.
E eu nunca poderei fazê-lo.
_________________________

Não deixe de ler a revista Caros Amigos:
ESPECIAL ORIENTE MÉDIO. Nas bancas.

Balada Literária: Imperdível

aqueles(as) que se interessam por literatura,

entre os dias 19 e 22 de outubro acontecerá o Balada Literária. A organização está por conta do escritor Marcelino Freire. Serão realizadas várias mesas, encontros com diversos escritores e algumas "baladas literárias".
maiores informações e inscrições para as mesas no sítio:
http://www.baladaliteraria.blogspot.com/
abraço,

segunda-feira, outubro 09, 2006

Chuchu!



por Angeli

Até aqui Washington? Até quando?

As Coréias sob pressão

O teste de arma atômica anunciado em 9 de outrubro por Pyongyang é condenável, por ampliar as tensões numa região já conturbada. Mas não se deve esquecer que as Coréias viviam uma década de reaproximação e paz — até que os EUA decidiram intervir...

Ignacio Ramonet

As dissensões se agravaram bruscamente na península coreana depois do lançamento de sete mísseis pela Coréia do Norte, dia 5 de julho último, apesar das repetidas advertências de Washington e Tóquio. Sem transgredir as leis internacionais, esses testes – entre eles o do míssil Taepodong 2, teoricamente capaz de atingir o território dos Estados Unidos, mas que, como os outros seis, afundou no mar do Japão – são condenáveis porque abalam a segurança no nordeste da Ásia, uma das regiões potencialmente mais perigosas do mundo.
Entretanto, há um ano, no dia 19 de setembro de 2005, Pyongyang [1] comprometeu-se a abandonar seu programa nuclear militar. Adotado durante a "Reunião dos Seis" (China, Coréia do Norte, Coréia do Sul, Estados Unidos, Japão, Rússia), esta decisão criou muitas esperanças, em particular na Coréia do Sul.
Desde o restabelecimento da democracia nos anos 1990, Seul deu prioridade a uma melhor relação com seu vizinho do norte. A visita a Pyongyang do então presidente sul-coreano, Kim Dae-jung, e a assinatura, no dia 15 de junho de 2000, de uma declaração comum com seu homólogo do norte, Kim Jong-il, foram fatos marcantes nas relações entre as duas Coréias.
As autoridades do sul deram especial importância ao diálogo, às trocas (particularmente as econômicas) e aos interesses em comum para reduzir as disparidades entre os dois países, prevenir conflitos e preparar uma eventual reunificação. Desde então, o montante de trocas comerciais chegou a um bilhão de dólares, com a Coréia do Sul transformando-se no segundo sócio econômico de Pyongyang, depois da China. Ao norte do paralelo 38, uma zona econômica especial foi criada em Kaesong, onde foram implantadas empresas do sul que empregam cerca de oito mil assalariados do norte. Apesar dos persistentes obstáculos, as duas partes trabalham também na reabertura da conexão ferroviária Seul-Pyongyang, que romperia o isolamento da Coréia do Sul.
A situação piorou rapidamente após o acordo de 19 de setembro de 2005, porque o Tesouro norte-americano adotou medidas financeiras contra Pyongyang, sob o pretexto de que um banco de Macau (China), o Banco Delta Asia, teria feito lavagem de dinheiro por conta da Coréia do Norte. Isto não foi comprovado por nenhuma investigação internacional. Pressionado por Washington, o banco congelou, em fevereiro deste ano, 24 milhões de dólares de ativos norte-coreanos. Pyongyang, deste então interrompeu as negociações entre os "Seis", reafirmou seu direito de ter a bomba atômica e autorizou os tiros de ensaio do último 5 de julho, desaprovados pelo Conselho de Segurança da ONU, incluindo a China.
Segundo a Coréia do Norte, o governo dos Estados Unidos não busca uma solução diplomática, mas persegue um único objetivo: a mudança de regime. Na Coréia do Sul, uma parte das autoridades partilha este sentimento.
Washington e sua "espiral perigosa"
Em sua residência de Seul, no dia 14 de setembro, o ex-presidente Kim Dae-jung, arquiteto da reconciliação com o Norte e Prêmio Nobel da Paz de 2002, condenou os disparos de mísseis, porém considerou que Washington não faz nada para acalmar o jogo: "Os neoconservadores norte-americanos não querem a paz nesta região", diz ele. "São dogmáticos. Não defendem os interesses dos Estados Unidos, como fazia o presidente Clinton, que sustentava nossos esforços por um diálogo pacífico. Permanecem obcecados por uma ideologia: a das sanções, que nunca funcionou, nem contra Cuba, nem contra o Iraque, o Afeganistão ou o Irã. Eles fazem pressão contra Tóquio, para que imponha também sanções, [2] o que acaba agravando os descontentamentos regionais. Estes, por sua vez, fornecem pretexto à direita japonesa para reclamar o rearmamento japonês. E isto aumenta a desconfiança da China. É uma espiral muito perigosa."
O presidente sul-coreano, Roh Moo-hyun, não está longe de defender este ponto de vista. Quando se encontrou na cúpula de Washington com o presidente Bush, no último dia 15 de setembro, Roh, que deve tratar com respeito seu grande aliado Bush [3], defendeu com desenvoltura os três documentos em debate entre os dois países. Reiterou sua vontade de recuperar o comando militar em tempo de guerra sobre as tropas norte-americanas (30 mil homens) baseadas na Coréia; solicitou mais tempo para negociar o projeto (muito impopular) do Tratado de Livre Comércio com os Estados Unidos; e recusou, finalmente, aumentar as sanções contra a Coréia do Norte.
Sobre este assunto, Seul não quer ceder às pressões de Washington. Deseja conservar autonomia para decidir. Como afirma Kim Dae-jung: "Nós não queremos nem uma reunificação pela força, como no Vietnã, nem uma reunificação desastrosa, como na Alemanha. Que a América nos deixe seguir nosso próprio ritmo, lento e pacífico, em direção a uma feliz reunificação."

Tradução: Celeste Marcondes celmarco@uol.com.br
sítio: http://diplo.uol.com.br/2006-10,a1424

domingo, outubro 08, 2006

Pensamentos Desconexos # 1

Por que me sentir bem
me traz tanta culpa?

Confissões

Ontem, dentro das atividades do Corredor Literário que acontece na Avenida Paulista, participei na Casa das Rosas de uma oficina de "Narrativas Breves", com Marcelino Freire.
Já o conhecia. Aliás, a sua apresentação foi feita via tv, ele por ele mesmo, lendo um conto maravilhoso chamado "Darluz", do livro BaléRale (Ateliê Editora). O cara é fera! Extremamente talentoso, seus textos tem uma carga dramática, uma sensibilidade que impressiona.
Conhecê-lo pessoalmente ontem, foi melhor ainda. Almoçar junto então - rs. Tietagens a parte, Marcelino é uma pessoa fenomenal. Extremamente simples, humilde, dotado de uma genialidade, uma sensibilidade que encontrei em poucas pessoas. Lembrei muito de meus mestres Julio Groppa Aquino e Edgar Castro.
Sua oficina foi ótima. Aprendi muitas coisas.
Sempre desconfiei daqueles depoimentos tipo "depois que eu conheci/vi aquela pessoa, descobri o que queria ser na vida." Pois bem, sempre desconfiei, até ontem. Se antes já gostava de escrever, hoje tenho uma certeza: - Quero ser Escritor.
Longa caminhada. Mas, como disse o poeta (não me lembro quem agora): mais importante do que o destino, são os caminhos por onde se passa. Ou mais ou menos isso.
E, para tirar suas próprias conclusões, recomendo os seguintes livros:

FREIRE, Marcelino:
- Angu de Sangue
- BaléRalé
- Contos Negreiros

Boa leitura!

quarta-feira, outubro 04, 2006

Geração Coca Cola

O que é História?
Quando penso em responder a esta pergunta, sempre me vem na cabeça a questão da Identidade. O que é uma pessoa sem história? Uma cidade, um país, um povo?
Na Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas, da USP, Departamento de História, me dei conta de que a História não é um amontoado de fatos, documentos, memórias. Não só apenas. Na História (e neste Departamento citado) encontramos muitas pessoas ditas inconformadas, rebeldes, revolucionárias e... egoístas! Preocupadas verdadeiramente apenas com seus textos, suas disciplinas, sua (pós) graduação-mestrado-doutorado, sua maconha. Sua rebeldia(!).
E em torno destas preocupações, uma certa dose de miséria. Básico: crianças, adultos, caminhando pelo espaço do departamento, entre estudantes entretidos, ambos concentrados principalmente na lanchonete. Alguns desgutam textos, outros vão em busca de trocados e latinhas. A disputa de latinhas nesta faculdade é acirrada!
Os catadores de latinhas e trocados estão ali. Quase todos os dias. Perceptivelmente imperceptíveis. Sentado, observo como as pessoas se relacionam com eles(as). Poucos na verdade estabelecem uma relação, um olho no olho. Todos os vêem mas, são poucos os que os enxergam.
Depois de meses, voltando a este departamento no qual vivi 06 anos de minha curta vida, me assusto. O espanto veio ao reencontrar um menino que conheci há quatro anos atrás. Hoje, já é um garoto. Os músculos começam a se apresentar, o rosto doce ficou um pouco mais (ma)duro. Mas ainda há o sorriso porque ainda há o menino no garoto. E faz o mesmo que fazia há quatro anos atrás: pede trocados, junta latinhas.
Penso: como somos intelectuais, inteligentes. Discutimos marxismos, anarquismos, Annales, revoluções, caos, puritanismos e revoltas. Pura teoria, relegamos o concreto. Penso no texto do Vaz: "alguns poetas que conheço estavam escrevendo poemas sobre a queda da Bastilha, enquanto todos nós erámos enforcados em praças públicas."
É muito mais fácil confrontar o mundo do que o menino. É muito mais saudável - ao menos para si - resolver equações, problemas teóricos sobre a humanidade do que o problema do garoto. Dizem que nem é bom pensar sobre ele. Alguns já dizem que pensar demais sobre estas questões pode dar câncer.
E agora, falemos sobre a hipocrisia(!): se por acaso a Guarda Universitária da USP for reprimir/expulsar alguns destes garotos... Fefelechentos, historiadores, geógrafos, sociólogos, letrados, com discursos inflamados vão defender o direito deles de ficarem ali, agarrados a sua miséria, pegando a sua latinha, a sua esmola. Apagados, como sempre estão. Defendem o direito de ali estar.
Lembrando destas cenas, penso no filme de Bianchi (Cronicamente Inviável). A cena da empregada xingando a sua patroa quando esta a pega na cama da patroa transando com o namorado. A patroa ali, dando ordens, e a empregada desenbucha (algo assim): que o marido que a oprimia, que a humilhava - ao contrário dela, sempre generosa, bondosa - era melhor do que ela. Ao menos ele manifestava um desejo, uma vontade sincera.
Entendeu?
Confuso.
Bem, somos muito hipócritas.
Inclusive eu.
Escrevendo este texto - no caderninho - e o garoto passando, de lá pra cá. E eu ainda nem falei com ele. O vejo. Ele sabe disso. Mas enquanto não me dirijo a ele, é o mesmo que não vê-lo. Faço como todos que aqui critico.
Voltando. O menino pega todas as latinhas, e nenhum refrigerante. Alguns são mais "bondosos": entregam a lata em suas mãos, fazem sinal de positivo e saem felizes, com o sorriso estampado no rosto.
Responsabilidade Social.
Filho da Puta.
Oferece a latinha mas nenhum refrigerante.

Escrever o texto me deu coragem para chamar o garoto: - Ei! E aí? Faz tempo que você vem aqui hein.
Faz tempo, ele responde.
Começamos a conversar. O garoto chama-se Ítalo. Mora na favela do São Remo, ao lado da USP. Tem um irmão e uma irmã. Conheço seu irmão, mas ele não vem mais para a USP.
Ítalo é muito esperto. Quer fazer Educação Física. Falo para ele que tem este curso aqui. Diz com convicção: - Eu sei, vou estudar aqui.
Acredito nele.
Conversamos sobre escola, estudos. Tem treze anos, está na sétima série. Faz capoeira na Poli. Garoto aplicado: estuda, trabalha, faz esportes. Tem futuro. Eu acredito!
Lembro que estou com fome. Ofereço um refri: - Vamos lá dentro.
- Não tio, o segurança embaça.
- Você tá comigo, não pega nada.
- Não tio, prefiro ficar aqui.
Não insisto. Pergunto se quer um salgado: - Um enroladinho de presunto e queijo. Compro uma Coca e uma Guaraná. E os salgados.
Peço para Ítalo escolher o refri: - Não tio, escolhe você. Insisto. Não é esmola, é um presente (penso). Quero que escolha.
Pegou a Guaraná.
Conversamos bastante. Chegou a Karina, uma amiga sua. Também conversamos. Ítalo e Karina brigavam muito. Saudavelmente. Karina contou que Ítalo já deu um soco nela: - Quase chamei o meu irmão de vinte e oito anos pra bater nele.
Ítalo se despede. Vai embora. Agradece. Eu que fico mais agradecido. Tivemos um papo super bacana.
Fui para o meu morro preferido ficar olhando os carros passar. Ver as árvores, alguns pássaros. Muitos alunos. Lembrei do conto do Ferréz (O Barco Viking). Estava feliz.
Coisas simples fazem uma grande diferença.
Não sou melhor que ninguém da USP, destes companheiros de faculdade que critiquei. Estudei 06 anos na História, há quatro via o Garoto e, apenas hoje, conheci o Ítalo. Não sou melhor do que ninguém mas, mudei. Estou aprendendo algumas coisas.
Espero que as pessoas aprendam a tempo também.
Meus vinte e cinco anos estão fazendo bem para mim.

P.S.: apesar do dito e não dito, está rolando um movimento bacana dos estudantes da FFLCH contra o diretor desta Gabriel Cohn. O diretor tem a intenção de fazer mudanças estruturais nos espaços dos estudantes, lanchonetes, xerox e... não consultou ninguém. A notícia-bomba mobilizou os estudantes. Ainda bem que algo ainda mobiliza alguns...

domingo, outubro 01, 2006

Efeito Colateral - ano xxv / nº iii



Capa

F´Zine: Efeito Colateral - Edição Especial - Dia das Crianças Invisíveis

novo ZINE: Dia das Crianças Invisíveis

Este final de semana (sexta e sábado) finalizei mais um zine. Edição Especial: Dia das Crianças Invisíveis. São vários poemas que escrevi sobre crianças/adolescentes que passaram em minha vida (de várias formas) deixando muitas marcas.
Segue parte de um poema do Zine:

Poema Brasileiro de Nenhum Resultado

...
Em 17 de setembro
De 2006
No norte do Maranhão
Perto do Piauí
Eu vi Thiago trabalhar
08 horas no dia
e ganhar
0,25 centavos

Em 17 de setembro
De 2006
No norte do Maranhão
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0,25 centavos !
0,25 centavos !!
0,25 centavos !!!

(...)

Como ele ficou carinho (tem 10 páginas), farei uma distribuição gratuita a amigos e, quem tiver interesse, apenas R$ 1,00.

abraço

rodrigociriaco@yahoo.com.br

Difícil

Hoje foi um dia muito cansativo, estressante, frutífero (para reflexões) quem sabe.
Trabalhei em uma das diversas seções de São Paulo. Vários problemas pela desorganização do TRE-SP, que trocou algumas zonas eleitorais/seções sem devidamente avisar o eleitor. Uma senhora chegou a me dizer que "não iria se estressar para não me bater"(?!), outras ameaças - rs - mas que não levei ao lado pessoal, penso que ela estava com vontade de descontar em alguém as frustrações diárias com a política, cotidiano, etc...
Também tenho vontade de descontar as minhas raivas. Acho que hoje sobrou para a Tânia, minha namorada. Desculpe.
Muita gente na minha seção queria votar (e votou?) apenas para Presidente, desconsiderando principalmente o legislativo (senado e deputados). Penso que isso é muito ruim. Se o jogo pseudo-democrático brasileiro já não funciona, acreditar que apenas Lula/Alckmin resolverão os problemas sozinhos... Se a gente não pensar bem nos nomes daqueles que vão apresentar projetos de lei, aprovar orçamentos, apoiar o presidente x ou y e etc, continuaremos a ver anões, mensaleiros, sanguessugas entre outros. É algo complicado.
Principalmente ao ver os candidatos mais votados em São Paulo: Paulo Maluf, Clodovil, Enéas,... Frank Aguiar (!).
Em tempo ainda: é incrível como o PT tem capacidade para fazer besteiras... A avaliação que eu faço, ouvindo as pessoas desde sexta feira e principalmente no domingo, é que Lula perdeu como perdeu em São Paulo principalmente por não ter ido ao último debate. As pessoas gostariam de vê-lo, ouvi-lo. Não foi possível. E ele perdeu muitos, muitos votos por isso.
É ver se é possível reverter isso ainda. Porque aguentar Alckmin, Serra e Kassab (psdb, psdb e pfl)... aja coração! E luta. Ruim com o PT, pior sem ele.
E confirmado, logo mais, trabalho novamente.
Que Merda.