quarta-feira, janeiro 17, 2007

Perante a Esfinge

O que fazer quando as palavras não bastam,
e tudo o que temos é a somatória de promessas
e discursos vazios?
Quando o desespero toma conta do corpo
atingindo o sangue
como o sangue que a parede tingiu,
deixando ao lado apenas o corpo
massa desfalecida do que antes era chamado
Vida.

O que fazer?

Profano, me indago:
seriam os deuses
tão corruptos quantos os homens
feitos a sua imagem e semelhança
para que o pêndulo do destino
seja sempre favorecido
àqueles considerados mais fortes, mais cultos,
aos homens proprietariamente mais ricos?
Ou isto não seria um assunto
dos deuses?

Cansado eu estou,
com as guerras e trincheiras
estabelecidas no mundo
que derrubou o muro
mas ergue cercas eletrificadas
na Palestina ou no México,
nos condomínios ou Fortes Armados
da minha cidade.

Cansado eu estou,
com a fome e a violência,
que vitimiza o estômago de meus irmãos nordestinos,
na Periferia ou no Sertão,
ou além do Atlântico, os Africanos,
preenchidos apenas pela terra
e órfã madeira apelidada de caixão.

Cansado eu estou,
com a desigualdade,
tida como natural no mundo de posses,
propagandeando maravilhas da modernização,
alimentam os sonhos dos pobres
e aos ricos garantem
o status quo da situação.

Cansado eu estou,
com esta indiferença
chamada de Paz.

Cansados, muitos estamos.
Por isso me pergunto:
O que estamos dispostos a fazer
para mudar tudo isto?


(rodrigo ciríaco)

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