terça-feira, janeiro 15, 2008

GRANDE SERTÃO: PAJEÚ...

de volta para casa.

na verdade, de volta para recife. uma nova morada.

ontem, eu e tânia chegamos da viagem que fizemos no final de semana para São José do Egito/PE. como eu havia dito por aqui, esta cidade é considerada a capital nordestina do repente. e da poesia. do repente, não vimos muita coisa. da poesia, da música, do teatro, da alegria das crianças, das brincadeiras na rua, aí vimos muito.

aconteceu o II Festival Porta da Índia de Cultura Livre. uma grande atividade cultural, organizada por pessoas muito gente boa daqui de Recife e da própria cidade. saímos na sexta-feira, meia-noite. algum tempinho de atraso, pois estava marcado para as dez. mas tudo tranquilo.

a viagem transcorreu Pernambuco adentro. apesar do sertão ser quente, a viagem foi fria, como são as noites por lá. mas foi boa. quando a madrugada dizia "vou me embora" e a manhã apareceu, eu acordei. e vi. pela primeira vez na vida, ao vivo. o Sertão. é lôco viajar de ônibus por esse Brasil para ver a transformação da paisagem, principalmente da vegetação. o Sertão é seco. a paisagem é seca. e isso não é tão óbvio. as cores que predominam são o cinza-amarronzadado, com pequenos toques de árvores verdes (algaroba, juazeiros) e cactus. e impressiona.

uma coisa legal para observar no sertão é a forma como se organiza a terra. uma vasta extensão de planície e depois algumas serras. fiquei viajando na serra da barriga, e sua visão periférica de tudo que acontecia abaixo.

muitas casas humildes ao longo do caminho. várias com dizeres "só jesus salva". é compreensível. incompreensível é o número de casas com números e nomes de deputados, prefeitos, vereadores e outros políticos que parecem não lembras destes cidadãos, a não ser em época de eleição. sob as pontes, não há mais rios. apenas pedras. secas. e animais ossudos compondo a paisagem.

entre 05H30 e 06H30 da matina, o ônibus não cruzou o caminho por nenhum carro. na estrada, apenas mulheres e crianças que aguardavam, não sei o quê. não sei pra onde. pensei que fosse o caminho da escola mas, estamos em férias. talvez fosse o caminho do trabalho. não sei.

a chegada em são josé do egito foi por volta das 07hs. fomos recebido pela Clene, mãe de Anaíra, antiga moradora de São José e uma das organizadoras do Festival. um figuraça. profetisa, segundo o poeta Luiz, outra figura. aliás, conhecemos pessoas maravilhosas por lá. igor, carol, jáilton, humberto (galego, cariri), magno.

e quem estava por lá conosco?

o gringo que fala.

nossa, tô vendo que tenho muita coisa pra falar desta viagem. vou tentar resumir em tópicos.

- o festiva começou para nós na tarde de sábado. soraia, grande pessoas que faz arte cênicas em recife estava fazendo uma oficina de teatro com as crianças da comunidade. muito bacana, ver a interação delas, a brincadeira, a festa. crianças sempre são foda. ao redor, pessoas pintando paredes, tingindo camisetas. e música. atabaque, pandeiros, violões e outros instrumentos estavam permanentemente presentes.

-"a laússa quer dinheiro / quem não dá é pirangueiro": uma das atividades mais alegres, divertidas e transformadoras que participei na minha vida. uma experiência inesquecível. eu (atabaque), poeta Luiz, Thiago, Tânia, Magno (pandeiro) e Cariri (na flauta), mais um bando de crianças com bonecos gigantes, burrinho, a "laússa", um mascarado e outras coisas saindo pela rua, fazendo barulho, cantando, dançando, fazendo as pessoas saírem de suas casas e irem para a rua nos ver. a recompensa foram as caixinhas que arrecadamos pelo caminho, com um dos pandeiros, dividido para tinta, bebidas e uma parte para a molecada. festa total.

- a noite teve exibição de telão, apresentação de malabares com fogo, sarau e outras coisas que eu não sei pois estava só o pó e não fiquei até o final. a Cooperifa esteve presente, e foi firmemente representada por mim e pelo Rafael (Gringo). foi bom.

- domingo pela manhã, foi dia de visita: uma escola, construída e mantida por uma comunidade lá de são josé. visita a um acampamento de sem teto (ou sem terra), mas de um grupo de pessoas que ocupou uma área desde agosto de 2003 e transformou na Horta e Plantio Comunitário Primavera da Prosperidade. um trabalho maravilhoso, pensar que no Sertão, com um pouco de água e muita luta, trabalho, disposição, é possível se ter macaxeira, banana, mamão, maracujá, cana, entre outras coisas. este foi um dia lindo, maravilhoso, pois além da visita, foi realizado o batizado do filho de Luciana. um batizado todo diferente, relacionado com todos os elementes (terra, fogo, água e ar). o primeiro batizado foi o da terra.

bem, eu tô cansado de escrever. o tempo na lan house está acabando. sei que vou voltar a falar disso quando postar as fotos. mas, tive um final de semana muito produtivo no sertão de recife. uma experiência que só tem a acrescentar na minha vida, fortificar as nossas lutas. por último, fui presenteado com um cd de um grupo de HipHop aqui de Recife, o Êxito d' Rua. Já ouvi o cd, os caras são muito bons. além de fazer um trabalho artístico e social bem interessante. vou ver se aproveita o final da estada por aqui para conhecer, saber mais. e por enquanto é isso. que eu já cansei.

fotos, só depois. no retorno. na máquina, já foram mais de 600! pelo menos 10% tem que entrar no blog.

aquele cheiro,

rodrigo

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