terça-feira, abril 08, 2008


Doze. Pode anotá. Num tá errado não seu moço. É doze, treze tonelada, Por dia. Pra mais. Pra menos. Depende da saúde, do que Nossa Senhora quisé. Mas a gente não reclama não. A gente tem emprego. Melhó do que robá. O não?


Óia, acordo as quatro, três horas depois tô aqui. Fico até as cinco. Chêgo em casa, janto, tomo banho e vô dormi. No otro dia a mesminha coisa. Acordo as quatro, preparo a marmita, três horas depois tô aqui. Fico até as cinco. Chêgo em casa, janto, tomo banho e vô dormi. Tem mudança não. É assim, cinco por um. Num tem sábado, feriado, dia santo. Só Jesus. No Natal eles dão uma folga pra gente.


Cansá? E pobre tem descanso, moço? Só quando morre. A gente só pára pra comê um negócinho né, se alimentá. Sete da manhã chega, senta, comi a primera parte, quié pra guentá. Nosso desjejum. Aí, trabalha, trabalha. As dez, pega o cantil, senta e come mais um pouco. Aquele calô, a gente suano pra daná. A uma da tarde de novo, pára pra almoçá. E a comida é a mesma, como tú sabe. Fria. Arroz, uns grão de fejão. Alface. Carne é de vez em quando. No mais é isso mêmo.


Esperança é Jesus né moço. Todo dia eu olho pro céu e sei que Deus tá comigo. Porque no meio dessas cana, no meio desses cabra dá pra esperá o que além de picada de cobra, do golpe do facão escapano da mão? Espera nada não. Já vi muito rapaz aí, parecia saudável, caí duro, abraçado no canavial. Quem espera cansa. E a gente trabalha. Dizem que é pro futuro do país. Num sei.

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