domingo, setembro 28, 2008

VOLTA ÀS AULAS - EDGAR VASQUEZ (TIRA DE 1982!)

clique na imagem para ampliá-la


retirado do blog do poeta Ademir Assunção, com o link contra-indicado nas informações ao lado.

sábado, setembro 27, 2008

JULGAMENTO


Não condene um homem
Pela sua origem, pela sua cor

Não condene
Um homem, uma criança, uma mulher
Pela sua religião ou qualquer outro valor

Não condene alguém
Pelo seu cabelo ou opção sexual

Não condene ninguém
Enquanto olha o extrato bancário
Ou a condição social

Não me condene por ser assim, como sou:
Branco, neto de pernambucano,
Português e alagoano.
Não me condene por isso ou qualquer outro fator

Antes de julgar, conheça
E avalie sempre os atos!
Observe, pese
Na balança apenas os pratos e fatos

Eu, você,
Não somos aquilo que pensamos
Não. Eu, você, todos,
Nós somos apenas a soma
Daquilo que fazemos.

(rodrigo ciríaco)

A DINHA MANDA UMA LETRA

PROTESTE!!!! A MALOCA NÃO PODE MORRER

OLÁ, GENTE DO BEM!

Recebemos do CDHU o comunicado de que deveremos DESOCUPAR o maloca espaço cultural até o dia 10/10/2008. Assim, sem mais nem menos. A Maloca vai virar uma creche.Achamos ótimo mais creches... temos filhos, sobrinhos, vizinhos pequenos cujas mães trabalahm e necessitam de local apropriado para os pequeno e pequenas.

Mas, enquanto temos 6 creches públicas no entorno, não temos nenhum centro cultural, nenhuma bibioteca, espaço para ensaio de bandas, reuniões dos grupos, etc. Quem conhece, sabe bem do que estou falando.

Os livros serão encaixotados, até conseguirmos dinheiro para construirmos um barraco.Por isso, se puder contribuir com materiais de construção, mão de obra, DIVULGAÇÃO, dinheiro, ou simplesmente com seu protesto, deixe-o registrado aqui. Abaixo, posto uma lista de atividades que serão interrompidas com a perda do espaço.

Item Atividades que serão interrompidas

1 Oficina de graffiti
2 Oficinas de leitura
3 Oficinas de Mc (Hip Hop)
4 Oficinas de Higiene para Meninas
5 Feijoadas comunitárias
6 Ensaios de bandas e outros grupos musicais
7 Campinho de futebol
8 Empréstimo de livros de uma “Biblioteca com 400 sócios”
9 Aulas de Espanhol
10 Aulas de Desenho
11 Reuniões e oficinas do Programa “Ação Família”,
12 Aulas do Mova (Movimento de Alfabetização de Adultos)
13 Mutirões de limpeza
14 Encontros de Free Style (hip hop)
15 Distribuição de preservativos e informativos sobre DST-AIDS
16 Artesanato
17 Discussões sobre direitos humanos
18 Saraus literários
19 Exibição de filmes
20 Eventos sobre Consciência Negra
21 Grupo de Estudos sobre Educação e Resistência

SÃO 21 ATIVIDADES... É MOLE, OU QUER MAIS?
QUEREM É QUE A JUVENTUDE MORRA, ISSO SIM!

Outras informações, direto no Blog do Maloca:
http://malocapraquetequero.blogspot.com/

PERGUNTA QUE NÃO QUER CALAR: AS COISAS SÓ ACONTECEM COMIGO OU SÓ EU VEJO O QUE ACONTECE?

há mais de uma semana que eu não chego por aqui. bati o meu recorde sem postagens desta vez.

mas é que o negócio esta semana foi doido. demais. acho que não tive uma semana assim... bom, não lembro em nenhum outro momento da minha vida em que uma semana foi tão cheia de fatos, bons e ruins, marcantes e diversificados para comentar. para ajudar, muitas provas, trabalhos, fechamento do 3º Bimestre, ahhhhhh. pressão total! então, vou tentar fazer um breve resumo da semana, quase que dia-a-dia.

SÁBADO, DIA 20: em pleno sábado, estava na escola. segundo sábado consecutivo, reposição de aulas - da semana da greve. trabalhar no sábado é horrível porque parece que não há interrupção na semana, principalmente para mim que sou professor, é atividade para preparar, aulas, coisas para corrigir quase todos os dias, fora do horário da escola e, trabalhar no sábado. enfim, quase enlouqueci. mas o fato marcante do sábado aconteceu no pós-escola. estou na avenida cangaíba, zona leste, em frente ao comércio dos meus pais - loja de 1,99 - quando do outro lado da rua eu acompanho um senhor: começa a cambalear, tenta agarrar-se a um poste, não consegue, cai e começa a estribuchar no chão, se agitar, como tendo um ataque. algumas pessoas que estão atrás dele, outras vindo pela frente vêem ele caindo no chão, se agitando, desviam o caminho e prosseguem. ele tinha caído em frente a loja de roupas, onde fica exposto alguns manequins (bonecos). um cara que vende côco do lado pula por cima dele, entra na loja, sai, pula por cima dele de novo e volta a vender côco. o cara se estribuchando. sabe o que o cara do côco fez? foi tirar um barato com as vendedoras da loja: -"olha, tem um manequim de vocês caído no chão..."

depois de captar, demorar até para entender o que estava acontecendo, consegui ter a reação de ir lá ajudar o cara. chamamos o resgate que demorou mais de vinte e cinco minutos (!). o senhor estava bem confunso depois que conseguimos fazê-lo sentar. não lembrava direito o nome, onde morava, para onde ia. aí o zé-povinho começou a juntar, fazer muvuca. "ah, a gente pensou que ele caiu de bêbado." e se fosse, não é digno de nossa ajuda? a solução é deixar lá, se debatendo, escorrendo, até a água suja levar (teve gente que sugeriu isto)?

SEGUNDA, DIA 22: tive que retirar um aluno da minha sala (7ªC), pois estava muito rebelde, agressivo, além de estar dando tapas, socos, em outros alunos, rasgou na minha frente e jogou no lixo duas atividades que havia acabado de entregar. fui com o aluno até a direção para registrar o ocorrido, solicitar a convocação dos responsáveis. quando retorno para a sala, a porta está meia-aberta. quando a abro, um cesto de lixo cai na minha cabeça(!). o balde não virou, o que foi pior, pois o fundo - duro - do balde bateu bem na minha testa. o sangue subiu, a vista escureceu, minha vontade foi de xingar, bater, quebrar pelo menos o balde em mil pedacinhos. consegui me segurar, os alunos, parados, assustados, esperando a minha reação. fui calmamente a minha mesa, juntei as minhas coisas, disse "boa sorte para vocês", peguei as minhas coisas e saí da sala. veio uma locomotiva atrás de mim, pedindo desculpas, que o balde não era para mim (era para o aluno que eu havia enviado à direção), que ele tinha feito isso com outro em outro dia, o aluno que colocoou o balde se apresentou mas, estava muito triste, chateado. disse que não interessa que não era para mim, aconteceu comigo e foi muita falta de consideração, respeito. poderia ter me machucado. não estava com ânimo, moral, para voltar para a sala.

o triste de toda esta história é que a 7ªC é uma sala que dá muito trabalho, desde o ano passado. sabemos o motivo: muitos alunos com dificuldades, alunos até não-alfabetizados. mas, não damos conta de educarmos os alunos. o sistema não colabora (sala sempre cheia, alunos não faltam), professores não se ajudam, os alunos não se ajudam e... vai ficando cada vez mais difícil.

a coisa boa da segundona aconteceu a noite. a convite do Michel, Raquel e todo o pessoal do ELO DA CORRENTE, fui até o CEU PÊRA-MARMELO, no Jaraguá, participar de uma atividade literária na Biblioteca Paulo Freire, da escola. Mais de cinquenta alunos da escola e de outras, além de pessoas da comunidade, presentes para conversarmos sobre Educação, Cultura, Literatura, além de apresentações, num Sarau. foi uma atividade muito gostosa, rápida demais, livros foram sorteados - mais de 10 livros - e o pessoal foi muito bacana. valeu Elo da Corrente.

TERÇA, DIA 23: na hora do intervalo, fui procurado por quatro alunas. queriam conversar comigo, em particular. consegui uma sala da escola e fomos. e ouvi coisas simplesmente revoltante: uma aluna pedindo ajuda pois estava sofrendo violência em casa. nada de "tapinhas". espacamento, eu diria que tortura. física, psicológica. não quero contar maiores detalhes pois não sei quem acessa o blog, e também para não expor a aluna/caso. mas terça-feira foi um dia muito difícil para mim, com esta BOMBA-RELÓGIO jogada sobre o meu colo.

QUARTA, DIA 24: digamos que eu tive uma pausa para respirar (se é que pode dizer que ficar mais de quatro horas sentado, corrigindo provas, preparando provas é pausa para respirar). a coisa marcante foi ter acabado o meu papel - inclusive o rascunho - e a tinta (a segunda!) da minha impressora, quando estava imprimindo as provas. sim, pois eu faço e imprimo as provas em casa. nove salas, mais de trezentos alunos. o dinheiro? vem do meu bolso. porque se for esperar tudo do Estado, é bom deitar, sentado eu canso.

QUINTA, DIA 25: estou indo para a minha sala de aula, a 7ªA para aplicar a prova, na primeira aula. dois alunos das 7ªs séries estão se atracando-enforcando no corredor. ninguém separa, ninguém intervém. ninguém viu? separo os alunos, mando para as suas salas. coloco todo o corredor para dentro. entro na minha sala, estou apagando a lousa, ouço e vejo um arrastão passando pelo corredor. alunos da 7ªC e D se batendo, dando socos, tapas, chutes. vou para o corredor atrás - porque parece que as coisas ou só acontecem quando estou lá ou ninguém vê, só eu. esta segunda é a mais provável. identifico nove alunos, das duas salas. falo com cada um deles, não pode ficar assim. a sala está se estranhando há mais de uma semana: juntam alguns alunos no corredor, tipo "gangues" e o pau come. e ninguém vê nada, só eu?

detalhe, aqui eu já estou um bagaço, antes de começar a dar a minha aula.

e pra ajudar, durante o intervalo da quinta-feira, teve guerra de comida no intervalo: arroz, feijão, prato, caneca. tudo criou asas, alunos se machucaram, a escola ficou imunda, e eu pensando: primeiro, o que ainda faço aqui? segundo, será que estou ficando louco, só eu vejo, me incomodo com estas coisas? terceiro, o que fazer?

sozinho eu não guento. mas não vejo parceiros suficientes ou pessoas interessadas em resolver ao lado. pelo menos não o suficiente, dentro de minha escola. aí é difícil.

principalmente porque esta semana tive que cancelar o encontro com as meninas do meu coletivo-grupo-brancaleone de estudo. meninas, não desistam de mim. eu preciso de vocês, e eu não desisti de vocês. mas é complicado, na escola não tenho muita ajuda, e quem colabora comigo eu não consigo me encontrar...

a coisa boa da quinta-feira foi a QUINTAS AS OITO, evento organizado pelo grupo CLARIÔ DE TEATRO, em seu espaço em Taboão da Serra. toda última quinta-feira do mês, alguém é convidado. e quem chegou por lá foi o pessoal das Edições Toró, inclusive eu, que assistimos a um vídeo, debatemos sobre cultura, educação, literatura - minha praia predileta - lemos, recitamos, nos abraçamos e ficamos felizes. eu preciso disso para recarregar as energias, senão, não aguento.

SEXTA, DIA 26: resumindo a história, fico sabendo de algumas alunas da 7ª série (ÊITA, SÉTIMA SÉRIE), que estão cabulando aula para se reunir na casa alguns meninos para beber, fumar e... trepar. as alunas que me contaram - o bom que pelo menos os alunos confiam em mim - me confidenciaram porque tentam conversar mais as meninas não ouvem. problema grave aí: meninas de treze anos, "desandadas", se nada fazemos, sabemos o que acontece: ou viciadas, ou grávidas. pior, tem alguns jovens, maior de idade envolvidos. mais um bucha na minha mão, e a pergunta que não quer calar: as coisas só acontecem comigo ou só eu vejo o que acontece?

ainda bem que a noite teve lançamento do livro organizado pelo parceiro Alessandro Buzo, "Pelas periferias do Brasil", vol. II, onde eu pude descontrair, encontrar amigos, abraçar, ouvir um som e "acreditar que sonhar sempre é preciso, é o que mantém os irmãos vivos", porque, acho que você entendeu. sózim eu não aguento.

no mais, a média diária de dormida esta semana foi baixa, menos de cinco horas por noite, estou aqui, acabando de compartilhar o texto, para algum doido ou maluca que tenha tempo de ler algo tão grande, identifique-se com as minhas dores e compartilhe um pouco a minha angústia.

"ouçam as histórias de meus males
e curem a sua dor, com a minha dor
pois grandes mágoas, podem curar mágoas"
Luís de Camões

e fechamos por aqui.

quinta-feira, setembro 18, 2008

POUCAS IDÉIAS

por aqui, poucas palavras e muitos links nos blogs alheios.

não que falte assunto. jamais. mas no momento estou preferindo observar, digerir ao que está acontecendo ao meu redor, o que não é pouca coisa.

ontem foi reunião do meu grupo de estudo de "professores públicos", amigos(as) ligados a educação. não esta educação teórica, academicista, que vive na estratosfera, no "olimpo" do ensino. não. grupo de estudo de pessoas que estão ali, na base, atuando, colocando a mão na práxis, e refletindo para transformarmos este fracasso de nossa civilização que se chama escola, que é o nosso ensino.

escrevendo pouca literatura por estes dias. lendo razoavelmente. esses dias tive um reencontro com drummond, o "sentimento do mundo" e foi profundo. estou mascando algumas coisas ainda na minha cachola.

no mais, em outubro sai mais um livro pelas edições toró. e eu tenho uma participação com um conto, para mim mais do que especial. não só pelo projeto mas pela proposta deste livro, que é muito lôca. mais detalhes, deixo para frente.

no mais, postei agora meio sem assunto só para dizer que estou vivo. e pensante. e escrevendo.

até.

sábado, setembro 13, 2008

POEMA A ESTA HORA

A esta hora alguém está
Casando no Japão
Alguém está
Comendo macarrão
Alguém está
Debaixo das ancas de uma puta
Da Liberdade ou rua Augusta
A esta hora.

A esta hora alguém está
Falando ao celular
Alguém está
Pensando em se jogar
Alguém está
Abandonando uma criança
Na lata de lixo.
A esta hora.

A esta hora alguém está
Ouvindo um som no buzão
Alguém está
Pensando no jogo de domingão
Alguém está
Com as mãos no sofá
Colando a recém meleca tirada do nariz.
A esta hora

A esta hora alguém está
Morrendo esfomeado
Alguém está
Nascendo ensanguentado
Alguém está
Cagando e andando
para o que acontece no mundo
A esta hora.

A esta hora alguém está
Lendo
Alguém está
Pensando
Alguém está
Terminando
de escrever um poema.
A esta hora.

(rodrigo ciríaco)

quinta-feira, setembro 11, 2008

LITERATURA (É) POSSÍVEL - AKINS KINTE & ELIZANDRA SOUZA


hoje foi dia de mais um encontro do projeto Literatura (é) Possível, atividade extra-curricular que desenvolvo na escola junto aos alunos que tem como objetivo principal compartilhar uma paixão: o prazer de ler, escrever e vivenciar a literatura.

devido à alguns problemas de ordem administrativa/organizacional que estava acontecendo na minha escola - quem acompanha este blog sabe do que estou falando -, o projeto ficou parado desde maio. fiquei entristecido, os alunos me cobravam, mas não teve outro jeito.

porém, hoje voltamos. não digo com "o pé direito", acho que entramos de novo com os dois pés, solando. os punguistas Akins Kinte & Elizandra Souza deram o ar da graça na escola.

durante quase duas horas estivemos reunidos declamando poemas, falando da trajetória de vida e literária dos autores, influências, processo de criação, periferia, raça e poesia, muita poesia. isso tudo com o sol convidativo, rachando lá do lado de fora, e nós lá dentro, por livre e espontânea vontade, reunidos pela literatura.

no final, seis livros foram sorteados entre os alunos presentes. outros dois ficaram para o acervo da biblioteca. outros dois, fiquei para usar nos saraus, em sala.

fiquei muito satisfeito com o encontro. quinze alunos estavam presentes, talvez não o número esperado mas, com certeza, o número ideal. os alunos foram atenciosos, respeitosos, com os convidados, alguns deles leram alguns poemas e, pude acompanhar algo bem particular, que me deixou bem feliz. quando declamei dois poemas, que inclusive a letra já havia passado para os alunos, vários deles me acompanharam, só mexendo os lábios, ou seja, decoraram os poemas. muito lôco.

apesar do cansaço que domina todo o corpo, estava sentindo falta de sentir esta energia pedagógica/humana tão positiva, tão contagiosa. algo que muitas vezes não conseguimos captar dentro da rotina escolar. por que será, não?

agora, é organizar o próximo encontro, para outubro. e será chapado. chega mais, Poeta.

vejam algumas fotos aí pra sentir um pouco do esquema.

aquele abraço,





quarta-feira, setembro 10, 2008

ITAMAR ASSUMPÇÃO

dica direta do excelente blog do poeta ademir assunção - link ao lado-, neste final de semana rola dois shows em homenagem ao pretobrás Itamar Assumpção. Um no Sesc Pinheiros, quinta e sexta, outro na Biblioteca Temática de Poesia Alceu Amoroso Lima, na sexta e sábado (sexta exibição de vídeo). quem tiver tempo, é uma boa pedida.

eu tô a fim de ir no show no Sesc. vamos ver como as coisas fluem.

até.

Literatura (é) Possível

salve, povo.

amanhã é dia de literatura (é) possível.

depois de ter dado uma pausa no projeto - o último encontro com os alunos foi em maio -, estou retomando as atividades. é algo que além de me trazer uma satisfação pessoal/pedagógica/profissional muito grande dentro da máquina de moer gente chamada escola pública, está sendo cobrado constantemente pelos alunos. "prussôr, e o projeto?"

o encontro de amanhã será especial. dois autores estarão presentes: akins kinte e elizandra (mjiba), autores do punga. a molecada está na expectativa.

bom, maiores detalhes sobre o encontro eu passo amanhã.

abraço,

rodrigo

domingo, setembro 07, 2008

HOSPITAL DA GENTE


Ontem eu e Tânia fomos na Rua Santa Luzia, número 96, em Taboão da Serra para assistirmos uma peça muito especial do grupo Clariô de Teatro, o Hospital da Gente.

A peça é baseada nos contos-cantos-improvisos de Marcelino Freire. Quem conhece o cabra, sabe que é literatura-dramaturgia garantida. Mas não bastasse isso, o grupo Clariô fez uma montagem linda, simples e surpreendente, que une bar e barraco, madeirite e papelão; flor e canto, corpo e alma. Tudo se destaca nos pequenos espaços: o cenário, o figurino, a passagem entre as cenas (sem nenhum buraco), as atrizes, com os textos afiados na língua e interpretações viscerais.

E respeitosas. Ontem estava presente como público apenas eu, tânia, mais um rapaz, e duas meninas da comunidade. Ou seja, as atrizes estavam em número maior do que o público. Isso é explicável, já que a lotação da casa é de 25 lugares e ontem ameaçou chover - o Clariô deixa um aviso bem grande: "Em caso de chuva, não vá. Risco de Enchente." Ainda assim, fizeram uma apresentação especial, particular. E a chuva chegou, mas tão rápido que nem molhou. E já passou.

O espetáculo está montado numa casa, dentro de um bairro periférico da já periférica Taboão da Serra. E é muito bom perceber a interação da comunidade, principalmente as crianças, com os espaços e artistas do Clariô. A molecada dominou geral. Da bilheteria à rádio, passando pelas salas e corredores. Êita-pôxa!

Se você ainda não assistiu "Hospital da Gente", não perca tempo. A temporada foi prorrogada até o final do ano. No mês de Setembro, exibições apenas aos sábados, a partir das 21hs. Mas a partir de outubro, sábados e domingos, as 21hs e as 20hs, respectivamente.

Se você é amante da boa arte, não pode perder.

Hospital da Gente
Contos/Cantos: Marcelino Freire, Obras “Angu de Sangue”, “Balé Ralé” e “Contos Negreiros”. Direção: Mário Pazzini. Elenco: Alaissa Rodrigues, Josy Nonatto, Maira Galvão, Martinha Soares, Natalia Kesper, Naloana Lima e Naruna Costa. Em cartaz: Espaço Clariô de Teatro (Rua Santa Luzia, 96 - Taboão da Serra, Centro, região central, tel.: 7651-8619). 25 lugares por sessão.

Fotos e outras informações, clica aqui:

sábado, setembro 06, 2008

ANOTE AÍ:

clique nas imagens para ampliá-las:

O Candieiro Incendiário poeta e camarada Carlos Galdino convida para uma apresentação de seu grupo lítero-musical hoje, na Biblioteca Alceu Amoros Lima, a partir das 18hs.


Amanhã, a partir das 09hs, rola a Bicicletada


E para quem perder a bicicletada de amanhã, é só trombar com o pessoal nestas outras datas citadas acima ou no sítio da biciletada.org


Dia 19 de Setembro, a partir das 19hs, o mano Alessandro Buzo estará lançando o seu livro "Favela Toma Conta", no espaço da DGT Filmes e


- Na Segunda-feira, dia 22 de setembro, a partir das 19:30hs, a convite do Mano Michel e do pessoal do Elo da Corrente, estarei no CEU Pêra-Marmelo (Jaraguá), para fazer um bate-papo com a Comunidade local e alunos do EJA sobre o meu livro, o "Te Pego Lá Fora". Será na Biblioteca Paulo Freire e, quem quiser, é só chegar.

- E ainda no dia 18 de Outubro, a partir das 09hs, na Ação Educativa, estarei participando de uma atividade organizada pelo Instituto Paulista da Juventude para discutir projetos bem sucedidos(!?) em Arte-Educação, no qual falarei do Literatura (é) Possível. Estou tentando um subsídio para levar também alguns alunos, para se apresentarem. Se rolar, vai ser muito legal.

Depois não vá dizer que não tem nada pra fazer, hein.

quarta-feira, setembro 03, 2008

A VOLTA

minha licença médica está terminando, assim como os remédios - que quase acabaram com o meu estômago -, minhas sessões de fisioterapia e o meu mau-humor diante da situação escolar, mais precisamente da minha escola (cansei de me revoltar pelo mundo todo, ele é muito grande).

hoje fui à escola para conversar com o professor que estava me substituindo, verificar até que ponto ele trabalhou com os alunos para que eu pudesse preparar as minhas aulas de sexta-feira, data que retorno oficialmente.

foi bom voltar à escola. por mais tóxico e degradante que seja o ambiente - fechado, muitas grades, pouca luminosidade -, estava com saudades da escola. mais especificamente dos meus alunos. temos lá nossas rugas, nossos problemas - afinal eu sou um educador e eles são crianças - mas o respeito, a confiança e a valorização do aprendizado prevalecem acima de tudo. e eles entendem isso.

tanto que vários vieram conversar comigo. perguntavam porque me afastara - apesar de já saberem -, quando voltava. e vários demonstraram felizes com o meu retorno. apesar da minha brabeza, eu faço falta, dizem.

fiquei feliz. eles também fazem falta no meu dia-a-dia.

e por esses dias recebi novamente uma proposta de trabalho. também pedagógico. mas este muito mais desafiador do que a escola - se é que isto é possível -, e pelo menos na minha visão.

não quero dar maiores detalhes para não gorar a situação em questão, nem criar falsas expectativas, em mim e aos poucos navegantes que lêem este blog. mas, se houver comum acordo na questão dos horários, vou encarar esta empreitada. que tem cara de desafio, um dos maiores desafios pedagógicos nesta minha curta carreira.

não sei se darei conta, mas preciso tentar.

por enquanto é isto.

a quem me quer bem, um chêro.

rodrigo

terça-feira, setembro 02, 2008

UMA NOITE LINDA

ontem foi uma noite especial para todos aqueles que fazem parte da periferia. sejam eles da cooperifa ou não.

mais de trezentas pessoas reunidas no CineSesc, na rua Augusta, para acompanhar o lançamento do documentário "Povo lindo, Povo Inteligente!", produzido pela DGT filmes, através do trabalho de Sérgio Gagliard e Maurício Falcão.

o documentário, de cinquenta minutos, conta com depoimentos de vários integrantes da Cooperifa como Márcio Baptista, Sales, Rose (Musa) e, claro, do Poeta. além disso, há várias imagens do Sarau, do público e de seus artistas-cidadãos, poetas e escritores da periferia declamando os seus versos-falas-balas.

aproveitando que falamos de disparos, o Poeta fechou a apresentação do documentário com um discurso muito bonito. enquanto ao seu lado mais de cinquenta pessoas que fazem parte - diretamente - da cooperifa o abraçavam, ele relembrava que aquela não era a primeira vez que chegávamos na telona. mas talvez foi um dos primeiros momentos em que nos vimos retratados na tela grande, sem que precisasse dar um tiro.

eu curti muito o documentário. fiquei viajando em vários momentos. primeiro por ocupar um espaço como o Sesc. não por ser um lugar central, mas por podermos reunir pessoas tão diferentes, de distintas cores, classes, credos, num único lugar. na paz, comungando a palavra, o cinema. segundo, porque é muito bom a gente se ver retratado de uma maneira positiva, valorizando quem somos, sem maquiagem, sem preocupar em sermos "bonitinhos, agradáveis". o mais importante: chegamos sem perder a nossa identidade. e terceiro: lembrei muito de Paulo Freire, Augusto Boal. Freire por sua "educação como prática da liberdade", "pedagogia do oprimido". Boal por seu "Teatro do oprimido", na sua incansável luta em fazermos acreditar que todos somos atores, todos somos protagonistas do palco e da realidde, todos podemos compartilhar a magia do teatro, da arte e da vida. acho que a cooperifa segue estes ideais, estes "movimentos". pois aqueles que antes eram silenciados, agora falam. e não apenas em forma de gritos, de protesto. a fala é calma, pausada. uma fala lírica, poética, literária. e tenha certeza: extremamente afiada. porque a gente não quer só os livros, não queremos a telona. queremos tudo: as escolas, os hospitais, as moradias dignas. tudo o que um ser humano tem direito de ter, que não precisa ser de luxo, não queremos ostentação, mas tem que ser digno. ah, isso tem que ser.

é tudo nosso!

quem disse que na periferia não dá pra curtir?