quarta-feira, dezembro 31, 2008

AH! EU JÁ SABIA!

KASSAB (E SERRA) NÃO CUMPRIU METADE DAS PROMESSAS
retirado da FOLHA ON LINE - 31/12/08

José Serra (PSDB) fez 161 promessas na eleição de 2004. Está documentado em seu programa de governo. Elegeu-se prefeito. Gilberto Kassab (DEM) conclui hoje o mandato herdado após a renúncia do tucano em 2006 para ser candidato a governador do Estado.

Após um ano e três meses de Serra e dois anos e nove meses de Kassab, 87 promessas não foram cumpridas --54,04% do total. Só 28 (17,4%) foram integralmente cumpridas. Outras 46 (28,57%), parcialmente.

A lista das promessas foi entregue à assessoria do prefeito no dia 5 de dezembro com pedido para que fosse contestada a avaliação item por item. Não houve resposta.

Anteontem (29), em balanço que fez da gestão, o prefeito relacionou uma série de itens positivos da gestão, mas não se referiu às promessas da campanha.

O programa de governo da chapa Serra-Kassab tinha 84 páginas. Na introdução, dizia-se que bons projetos para a cidade não faltam. "O que tem faltado (...) é capacidade de selecioná-los e tirá-los do papel."

Entre as propostas listadas, a criação de um "Disque-Trânsito 24 horas" recebeu muitos elogios de técnicos. A idéia era criar um serviço com orientações sobre vias congestionadas e dicas de alternativas.

O projeto, porém, não foi implantado. O sistema existente, por meio de painéis eletrônicos, dá informações inúteis ao motorista como o percentual de vias com lentidão. Sobre o trânsito, aliás, das 12 promessas, seis não foram cumpridas.

Outra promessa importante não cumprida foi a de "acabar" com o déficit de vagas em creches. Segundo a prefeitura, foram criadas 42 mil vagas, mas ainda faltam 80 mil. Kassab repete o compromisso agora.

Na saúde, foram dez promessas, quatro cumpridas e seis totalmente descumpridas. Um exemplo é o plano de erguer "hospitais de bairro" (de pequeno porte, com 50 leitos, associadas a um hospital de referência). Não foi feito nenhum, embora tenham sido concluídos os dois hospitais de médio porte anunciados --M'Boi Mirim e Cidade Tiradentes.

Se descumpriu mais da metade das promessas da eleição, Kassab fez realizações que não constavam do programa. O Cidade Limpa, as AMAs (unidades de saúde intermediária entre posto e hospital, sem leitos) e as "viradas" cultural e esportiva são os melhores exemplos.
Para o prefeito, uma coisa compensa a outra pois, para ele, o importante são "os avanços extraordinários" da gestão.

Discurso e prática

Outras duas promessas-chave usadas à exaustão na eleição de 2004 ficaram no meio do caminho. A primeira: entregar 32 km do Fura-Fila (que se arrasta desde Pitta, há dez anos). A segunda: renegociar os contratos bilionários de limpeza urbana.

No primeiro caso, houve algum avanço com a entrega de 8 km, mas a realidade ficou bem longe da promessa. A meta refeita por Kassab é entregar o que resta (mais 24 km) nos próximos quatro anos.

No caso dos contratos do lixo, sobre os quais Serra jogou suspeitas de corrupção na campanha de 2004, houve redução de 17,31% nos valores.

Mas às custas do atraso nos investimentos previstos contratualmente das duas concessionárias que fazem os serviços de coleta no município (em coleta de lixo porta a porta em favelas, coleta seletiva e construção de aterros, entre outros).

Para cientistas políticos, na prática, não há relação entre a retórica da eleição e a realidade administrativa. "Programa de governo é, antes de tudo, uma peça de campanha e, portanto, peça retórica", diz Fernando Azevedo, professor da Universidade Federal de São Carlos.

Carlos Melo, professor do Ibmec-SP, tem a mesma opinião. "Qual é o custo de não cumprir? Qual é a penalidade? O eleitor se lembra das promessas feitas? Há um mecanismo legal que o obrigue a cumprir?"

Para ele, sem punições os políticos se sentem desobrigados de fazer o que prometeram. "A culpa não está exatamente nos políticos, mas na sociedade, que não cobra as promessas, não acompanha seu cumprimento e não estabelece sanções", afirma.

Colaborou ALENCAR IZIDORO, da Folha de S.Paulo

veja matéria completa, com promessas cumpridas e não cumpridas, aqui:
http://www1.folha.uol.com.br/folha/cotidiano/ult95u484699.shtml

segunda-feira, dezembro 29, 2008

SOBRE O QUE EU NÃO FIZ

férias. férias. estes dias estou na gozolândia total. bebida, comida, conversa; muito filme, videogame e leitura da biografia do tim maia. sem televisão, sem celular, sem internet; só família, jogado no sofá e cachaça. mais nada.

não sei se eu mereço, mas eu tava precisando. esse ano foi osso para mim. não sei se os problemas foram grandes demais ou as minhas pernas não estavam fortalecidas, fato é que muita coisa pesou nos meus ombros, teve momentos que eu não aguentei e desabei. então estava precisando relaxar e curtir um pouco. é preciso de um pouco de paz ainda nos dias de guerra.

mas o mundo não para. as intrigas, as guerras, a fome, o menino no sinal, as chuvas não tiram férias. estas últimas principalmente estão castigando muito a nossa quebrada, não só santa catarina. a zona sul sofreu pacas por estes dias com enchentes, desmoronamentos, prejuízo, sofrimento e tristeza. entra lá no blog do Poeta (www.colecionadordepedras.blogspot.com) e saiba mais informações. se puder colaborar, por favor.

2009 já tá chegando, alguns planos maquinando na cabeça. recebi uma "pseudo"proposta de emprego para trabalhar num colégio de bacana, chique, que paga bem. não sei se abraço a empreitada. esse ano a grana foi contada, osso, outros argumentos que contam a favor é que muitos amigos - e em casa - dizem que eu devo guerrear também no território adversário. concordo, lançar idéia de louco para louco é fácil, difícil é chegar nos ouvidos contrários, acho - hoje - que este é um trampo importante também, mas não sei se dou conta de duas escolas, pelo trampo que eu faço, pelas dores de cabeça que eu arrumo. esse ano que chega eu tava a fim de arrumar uma fonte de renda adicional, mas não havia pensado em outra escola. bom, vamos ver. minhas prioridades no próximo ano são uma peça de teatro - dirigir -, estudar mais e comprar uma bicicleta. não quero nada que atravesse os meus pequenos planos.

aproveitando a postagem, estou lendo um livro muito bom, presente que eu me dei de natal: Vale Tudo, a biografia do preto, gordo e cafajeste, como ele mesmo se auto-intitulava Tim Maia, escrita por Nelson Mota. um livro indispensável para quem curte o nosso Síndico.

quando finalizar a leitura escrevo mais falando do livro já que ele fecha uma tríade de idéias que eu venho somando há um tempo.

e por agora chega. ficar jogado no sofá por mais de doze horas assistindo filme também lesiona o ombro. e o meu tá muito fudido. então até.

agora, só em 2009. talvez.

segunda-feira, dezembro 22, 2008

CHÁ NA CONCHA, FÉRIAS

estou em santos. neste momento, curtindo as recém-férias, que se iniciaram na sexta-feira, dia 19.

sábado rolou por aqui o "chá na concha". apesar da chuva e sol e chuva, foi bem legal, várias pessoas compareceram, rolou muita música, pintura, poesia; amizade e alegria.

gosto muito do chá na concha pois é um outro local em que as barreiras (in)visíveis que nos separam no dia-a-dia caem por terra. aqui ninguém sabe "quem é louco, quem é normal". não há rótulos, não há títulos.

ontem foi dia de sol, caminhar na praia, curtir uma macarronada e um filminho com os amigos. de noite teve apresentação, na praia, da OSESP - orquestra sinfônica do estado de são paulo, + convidados. mônica salmaso estava presente, com a praia cheia, gente de todas as cores, tribos e sintonias. muito bom.

bem, como falei, estou de férias. natal fico por aqui, com família, ano-novo ainda não sei. talvez passe em sampa, talvez não. como a grana não está muita, as férias servirão mesmo para descansar, muita leitura e reflexão para organizar o ano recém-chegando dois mil e nove.

o blog deve andar meio capenga, meio desatualizado por estes tempos. não quero ficar pensando muito em computador, celular, telefone, internet, jornal ou outra coisa qual. quem precisar falar comigo, deixe um comentário, mande email e, se for urgente, liga pra nóis. mesmo que se não atender na hora, assim que pegar o recado, retorno.

esse negócio de natal, festa, troca de presentes e tal não é muito comigo, não me ligo muito nesses lances e nem estou afim de filosofar e discorrer sobre isso neste momento então, boas festas, curta na paz, sem treta, sem briga. se não tiver nada material para dar, pelo menos dê um forte abraço nas pessoas que ama, olhe em seus olhos. isso não tem preço.

salve!

quinta-feira, dezembro 18, 2008

4ª PRÊMIO COOPERIFA - 2008

Don Quijote de la Perifa não está mais sozinho. Ao seu lado o inestimável, o inconfundível, o nunca-deixar-na-mão-amigo aprendiz de sonhador, El Sancho Pança já está ao seu lado. Para o que der e vier. Enfrentando covardespreitados contrários e moinhos de vento.

Ontem foi noite de entrega do 4ª Prêmio Cooperifa. Uma noite linda, viva, verdadeira, vivenciada ao lado de amigos e amigas, guerreiros e guerreiras que, mais do que palavras, vivem a prática de uma periferia vibrante, unida. Uma periferia que nos une "pelo amor, pela dor e pela cor".

Não quero citar nomes aqui para agradecer. Não pela deselegância de esquecer alguém, de ser covarde de falar alguém só por falar, mas que não representa tanto. Mas pelo fato de que, como várias vezes frisou o Poeta ontem, falou Cooperifa irmão, falou tudo. Porque nós somos família. Família. Com todos os erros e defeitos, todos os acertos. Família. Se você entende o significado desta palavra, já sabe do que estou falando.

Então família Cooperifa, obrigado. Obrigado por me aceitar como sou, sem nada me cobrar. Eu já sei da responsa que é fazer parte disso. Obrigado por não me julgar, por não me apontar o dedo, por não me condenar sem antes me conhecer.

Durante muito tempo eu achei que vivia num limbo, num não-lugar. Vários lugares eu passei e quase nunca me encontrava, parecia perdido. Há mais de três anos eu me achei. Achei amigos, amigas, achei pessoas queridas, achei uma família. Isso não tem preço, não tem nada que pague.

Espero todos os dias representar, com fidelidade, dignidade, irmandade e humildade a importância que é fazer parte deste todo. Se um dia não o fizer, sabes que tem a liberdade e direito de me chamar no rodo. Vou baixar a cabeça e procurar me redimir, fazer melhor. Também estou aprendendo. Com vocês fica mais fácil, mais bonito.

Obrigado, obrigado e, obrigado.

Rodrigo Ciríaco
Três vezes Prêmio Cooperifa. Mil vezes Cooperiférico. Debaixo de chuva ou de Sol.
Nóis sem nóis, num é nóis. Sem palavras ao vento: amo vocês.

veja fotos da entrega no blog do Poeta:


Don Quijote de la Perifa e El Sancho Pança, guardando um dos meus maiores tesouros: meus sonhos...

CAROS AMIGOS - DEZEMBRO 2008


Na era da velocidade, da informação digital, da globalização, saber o que ler é muito importante, pois somos bombardeados a todos os instantes por propagandas – rádio, tv, jornal, Internet – e com notícias inúteis. Veja o que está em destaque, por exemplo, neste instante (18/12/08, 16:06hs) no sítio Uol: Bate papo com vencedor do “ídolos” (de quem?), personalidades do ano, show da Ma(n)donna em SP, Tom Cruise se diz feliz com sucesso de Penélope Cruz, dificuldades no patrocínio de Ronaldo “Gorducho” e por aí vai.

Mas se você quer ler uma coisa extremamente relevante, diria imperdível, leia a entrevista com o policial federal Protógenes Queiroz, na edição da revista Caros Amigos nº 141 – Dezembro de 2008.

Uma coisa é você dizer que não devemos pagar a dívida “eterna”, que ela já foi paga; que a mídia no Brasil é manipulada, está junto com os grandes conglomerados econômicos e políticos – ou seja, panelinha protegendo panelinha; que o Maluf é ladrão, que Daniel Dantas tem um monte de gente na mão, que isso e aquilo. Outra coisa é quando alguém de dentro, alguém que conhece bem sobre tudo isso, resolve abrir a boca e falar. Esse é o caso desta entrevista.

Matéria que não pode ser lida de maneira muito rápida e não apenas uma vez.

De verdade, não perca.

Algumas vezes achamos que sabemos das coisas. Lendo reportagens como esta, vemos que não sabemos de nada. É preciso ficar ligeiro. Mais ligeiro.

terça-feira, dezembro 16, 2008

SÁBADO - SANTOS - A PARTIR DAS 15HS


com sol ou chuva, vamos dar uma pedrada
na vidraça da normalidade!

UM SEGUNDO É POUCO


é muito lôco ver a (r)evolução do rap ao longo dos anos. ao contrário do que muitos queriam, vários grupos se profissionalizaram, seja na produção musical, seja na qualidade de suas músicas, batidas e, principalmente, o que mais importa para mim, o conteúdo das letras - não gosto de rap americano, ostentando gostosonas, carros luxuosos e dentes blindados a ouro, falando "eu sô isso, eu sô aquilo".

cito isto para indicar aqui um cd que já tá riscando de tanto tocar no meu cdplay por estes dias: o novo cd do Inquérito - "Um Segundo É Pouco".

qualquer comentário a mais seria irrelevante para o que é ouvir este trampo valoroso, por isso, sem mais delongas: compre já e curta o seu. ou acesse: www.myspace.com/inquerito2008

destaco as faixas um segundo é pouco, oito meses, só o amor, ja disse o poeta (participação do Poeta, Sérgio Vaz) e bumerangue, que você curte um trecho abaixo:


"Hoje eu sei que pensar incomoda como andar na chuva
Ainda mais se eu tiver de toca, calça larga e blusa
O detector me acusa: revolução!
Me travam na giratória da discriminação
Porque pobre pensando é falta de educação
"fomo" adestrado pra aceitar, pra raciocinar não
E os privilégios sempre pra minoria
Desigualdade é hereditária como as capitanias
Aqui o homem de bem é o homem de bens
Que tem uma Mercedez Benz e tra a maldade nos gens
Sem filho vai deixar a herança pros poodles
Tem de tudo mas vai buscar a paz no Google
Condomínios de segurança máxima
Pra ricos de alta periculosidade
Se dinheiro é poder e liberdade
Porque tanta cerca e tanta grade?

Quem planta a guerra
Não colhe a paz
Vai voltar em dobro a injustiça
Que você me faz..."

OUÇA NO ÚLTIMO VOLUME

E ao Inquérito: Um terceiro não será demais...

domingo, dezembro 14, 2008

POR ONDE ANDEI

04/12 - quinta-feira, escola. eu, o prof. Joel e mais uns dez alunos carpinamos uma área lá da escola onde tem alguns canteiros e dá para fazer uma pequena horta. deu trabalho, alguns calos na mão mas, a união com a molecada, ver a escola mais limpa, bonita e organizada, não tem preço.

05/12 - sexta-feira, escola. decepção. assim que cheguei, soube que a escola havia sido invadida - de novo! prejuízo: sala de informática arrombada, dezessete computadores novos levados, sala da direção arrombada, filmadora e máquina fotográfica levadas; almoxarifado arrombado, duas wap-mini, novas, compradas para a limpeza da escola, levadas. prejuízo grande.

o que mais doeu foi saber que o pessoal entrou justamente pela área que nós havíamos limpado no dia anterior...

06/12 - sábado, escola. festa do sorvete! apesar da tristeza com o que aconteceu no dia anterior, a festa do sorvete aconteceu na escola. portão aberto, comunidade presente, muitas crianças, e apresentações de dança (afro, contemporânea, break), poesia, música e uma peça de teatro, organizada pela profa. de artes junto com os alunos da 7ª série B.

07/12 - SÃO PAULO, HEXACAMPEÃO - sem comentários, todo mundo viu!

10/12 - centro/SP - Ação Cidadania. a convite do andré e do tarcísio, coordenadores da Ação e da campanha "Natal sem fome de sonhos", participei de uma bate-papo sobre políticas educacionais para o estado de São Paulo, ao lado da diana e do pessoal do Alpha-USP, projeto de alfabetização de adultos. a mulherada predominou na ação, representando diversas entidades aqui de Sampa. muito bom.

11/12 - escola. colação de grau dos alunos da 8ª série e 3º ano do ensino médio. escola enfeitada, alunos vestidos a la beca, música, homenagens e, apesar de tudo o que foi esse ano - muita treta - a esperança ainda predomina aguardanto e trabalhando por dias melhores.

13/12 - itaim paulista, loja suburbano convicto. a convite do parceiro alessandro buzo, fui o convidado para o Encontro com o Autor, na sua loja. muita cerveja, quitutes pra comer e camaradas da quebrada chegando. salve para o Da Antiga, Eduardo, do Paraná e o mano Chapéu, de Ermelino. é nóis.

e para os próximos dias, quarta-feira confirmadíssimo na Cooperifa, para receber o prêmio Sancho Pança, aprendiz de sonhador. no sabadão, confirmadíssimo o Chá na Concha, quem quiser é só colar. e depois, descanso.

porque para 2009, temos...

- 2ª edição: Te Pego Lá Fora. a primeira já tá acabando

- Literatura (é) Possível: novos autores, novas atividades, e

- Uma surpresa imperdível: tem a ver com teatro, mas vocês vão ficar sabendo só lá pra maio...

Aguardem.

Ah, e logo mais tem as fotos.

terça-feira, dezembro 09, 2008

PROMOÇÃO: FEIJÃO COM ARROZ

Promoção Feijão com Arroz?
Sim. PAGOU UM, LEVOU DOIS!

Entre os dias 10 e 20 de dezembro, na compra do livro Te Pego Lá Fora (R$ 15,00),


você leva como brinde o livro Amor Lúbrico - Contos e Poemas para serem lidos na cama, organizado pelo escritor Sacolinha.


Não é sorteio, não é xaveco, não é enganação: comprou, levou!

Obs.: apenas para compras feitas entre 10 e 20 de dezembro.
Valor da postagem - no caso via correio - não incluso.

Não deixe de comprar o seu.
Outras infos: rodrigociriaco@yahoo.com.br

AGENDA - ATIVIDADES

salve, pessoas.

segue abaixo uma breve "agenda", relação de lugares e atividades que estarei por estes próximos dias, para quem quiser me encontrar para adquirir o livro, trocar umas idéias:


dia 10/12 - Quarta-feira, a partir das 21hs
Cooperifa!

Último Sarau do Ano, presença de vários poetas e integrantes da Comunidade. Imperdível


dia 13/12 - Sábado, a partir das 15hs
LOJA SUBURBANO CONVICTO
infos: http://www.suburbanoconvicto.blogger.com.br/

Evento "Encontro com o Autor": o convidado da vez sou eu, lá na loja do parceiro Alessandro Buzo. Música, papo, descontração, cerveja e quitutes de graça. É só chegar


dia 13/12 - Sábado, a partir das 23hs


dia 17/12 - Quarta-feira, a partir das 20hs
Cooperifa!

Entrega do IV Prêmio Cooperifa, o troféu "Sancho Pança" - aprendiz de sonhador. Evento que contará com a presença de vários ilustres da quebrada, casa cheia. É bom chegar bem cedo.


dia 20/12 - Sábado, a partir das 15hs
Chá na Concha - Santos/SP
Orla da Praia, próximo ao posto 04
infos: http://www.de-lirio.blogspot.com/

Evento organizado por integrantes da Saúde Mental da Baixada Santista, desenvolve atividades - na praia - relacionadas à música, pintura, poesia, teatro e o que mais você trouxer. Bebidinhas e comidinhas grátis, é só chegar.

segunda-feira, dezembro 08, 2008

REFLEXÕES DESCONEXAS

estou apagado. alguns diriam, sumido. outros perguntam se ainda estou vivo.

a verdade é que não há nada de interessante - fora o hexa do São Paulo (rs) - para comentar no blog. este ano eu já falei demais, publiquei livro, fiz denúncia, surpreendi (des)agradavelmente colegas e amigos e, por conta disso, tive dor nas costas, dor nos ombros, tendinites, gastrites, outros ites e otras coisas ruins e afins a mais.

enfim, apesar de adorar falar, escrever, comentar, criticar, uma das metas de 2009 é calar. isso mesmo, fechar um pouquinho a matraca.

já dizia alguém que não é só peixe que morre pela boca, e a minha necessidade de falar bem sabe disso. mas estive avaliando e, algumas vezes, em alguns casos, acho que cometi excessos. falei o certo na hora errada, abusei do tom entortando a receita. e se virada de ano serve para fazermos promessas - que muitas vezes, não vamos cumprir -, estou estabelecendo a minha.

serei mais observador. mais prático, menos falador. mais concreto, mais teoria mental.

mesmo porque quem é, quem faz, não precisa dizer, já é.

ah, não significa que este blog será desativado, que não haverá mais postagens. elas acontecerão. mas vou contar até trinta antes de escrever. eu prometo...

... que vou tentar.

***

sobre outro assunto, nada a ver: havia pedido remoção da minha escola para Santos, Baixada. Uma, porque Tânia está morando por lá, trabalhando na prefeitura. Dois, pelo desgaste, estress vivenciado na minha escola durante este ano.

bom, saiu o resultado da minha remoção e, não deu: ficarei aqui em Sampa, e na mesma escola, por mais um ano - se tudo correr bem.

espero que os ventos da mudança comecem a soprar mais forte sobre a minha escola, o Mesquita. se depender de mim, alguma brisa irá ventilar pelo menos...

***

ah, e por fim mas não menos importante: eu e o São Paulo somos TRI!!!

eu, recebo no dia 17 de dezembro o troféu "Sancho Pança" - aprendiz de sonhador - da Cooperifa, o terceiro prêmio, o meu TRI - valeu, favela!

e o São Paulo consagrou-se ontem o primeiro time TRICAMPEÃO consecutivo do campeonato brasileiro, além de outra marca inédita, o HEXACAMPEONATO.

nada de gozolândia, mas nóis precisa também zoar e fazer uma festa.

"Óh Tricolooooorrr...."

quarta-feira, dezembro 03, 2008

NOSSO HINO - QUILOMBO CULTURAL*

"só quem é de lá, sabe o que acontece..."


Úh! Cooperifa meu quilombo cultural!
Éh! Poesia literatura marginal!

No sarau não é por mal o silêncio é uma prece
Loco, mais que lindo as palmas que aquece,
Se o elo fortalece, demorô é nóis que tá
Tudo nosso, tudo nosso, da ponte pra cá
Tem que sabê chegá respeitando a quebrada,
Só os verdadeiro faz jús na caminhada
Sem faiá, mancada se liga óh meu
Não é evento, é movimento se pá se entendeu
Julieta, Romeu estravazando sentimentos
Artista cidadão expressando pensamentos
Hey é o momento a hora é agora,
No traço da escrita no ratilho da pólvora
No verso na prosa que vem do coração
Respeito e união sem vaidade irmão
Etnia, religião, tua raça, sua cor
Cada um na sua, todos tem o seu valor
Pela paz, pelo amor, pro bem prevalecer
Junto lado a lado é assim que tem que ser
Pode crê! Esperei a semana inteira
Hey finalmente hoje é Quarta-feira
Vou subindo a ladeira vou no passo a passo
No swing do balanço ritmando no compasso

Úh! Cooperifa meu quilombo cultural!
Éh! Poesia literatura marginal!

Úh! Cooperifa no risco da caneta!
Éh! Periferia academia das letras!

Úh! Cooperifa meu quilombo cultural
Éh! Poesia literatura marginal

Clarices e Quintanas da periferia
Guerreiros e guerreiras comungando poesia
Só na sintonia, mano é muita treta
Úh! Cooperifa academia das letras
No risco da caneta contemplando o luar
Chegando inspiração de todo lugar
Num balão pelo ar flutuando ele vai
Pro infinito azul elegante Raicai
Vai que vai registrando emoções
Marcando história encantando geracões
Milhões de corações numa só canção
No Rap, no Samba, um atabaque um violão
No estrondo do trovão só quem é vai segui
Num posso fazê nada se num guenta vai caí
Da licença aqui, é nóis que tá de novo
Que mesmo no veneno num abandona posto
Leal até o osso sem tempo pra errá
De cabeça erguida que o sol irá brilhá
Tem que acreditá e não fugi da luta
Chega, cola que a causa é justa
Truta, escuta óh é de cór
Lê é poder, faz enxergá melhó!

Úh! Cooperifa meu quilombo cultural!
Éh! Poesia literatura marginal!

Úh! Cooperifa no risco da caneta!
Éh! Periferia academia das letras!

*Letra: Jairo - Periafricania

terça-feira, dezembro 02, 2008

TÁ CHEGANDO

Ainda bem que o mundo não é feito só pelos "normais"...


música-praia-batepapo-comidinha-poesia-sol-risada-chuva-casamentodadonauva-criançada-areia-artesplásticas-bebidinha-loucura-cultura-descontração-alegria-e-o-que-mais-a-sua-presença-trouxer

outras informações: http://www.de-lirio.blogspot.com/

segunda-feira, dezembro 01, 2008

QUESTÕES SOBRE EDUCAÇÃO

universitários são uns bichinhos um tiquinho tanto complicados.

quando nos tornamos cobaias deles, ou melhor, objetos de estudo ou colaboradores de seus estudos, eles vêm, fuçam, cutucam, perguntam, raspam, invadem, apertam até você não aguentar mais. depois vão embora, em busca dos seus "dez".

isso que é complicado: é uma via de mão-única. em que apenas uma das partes sai beneficiado. porque o interesse é deles, não seu. são eles que nos procuram, são eles os interessados. são eles os únicos beneficiados. no máximo, o que você consegue em troca, é a citação do seu nome em algumas páginas, a citação numa bibliografia. algumas linhas de estudo sobre o que eles pensam de ti. claro, isso se o universitário se dignar a enviar o trabalho finalizado para você.

eu tenho certa tolerância e paciência a eles pois já fui um universitário. e apesar da preocupação no retorno, na troca mais justa de experiências, estudos, eu também me beneficiei de algumas pessoas. por isso ainda tento ter esperança no ser humano.

mas com esse, eu fiquei bravo. o sujeito em contato comigo há um tempinho dizendo que precisa fazer um trabalho assim-assado, trocando informações via email. o universitário me diz que vai enviar algumas perguntas, pequeno questionário. há uma semana me enviou, onze (!) questões, super-difíceis, complexas. até aí fiquei meio contrariado mas, as questões pareciam interessantes, eu tinha interesse em saber o que pensava daquilo, respondi. aos poucos. durante uma semana. deve ter dado umas três horinhas de pensamento e digitação. até que ontem, ele me envia um outro email: a professora não aceitara a entrevista via email, ele não podia perder tempo, entrevistou outra pessoa. eu não precisava mais responder as questões. obrigado.

ele só não perguntou se eu já havia respondido!

tudo bem, eu já respondi à ele. sem rancores, sem mágoa, viu, Terradonunca. não esquente a cabeça. só não me peça outra entrevista, que eu lhe quebro a cabeça - rs.

e para não perder as questões já respondidas que agora não servem pra mais nada, eu vou publicá-las aqui no blog.

quem sabe algum outro universitário não aproveita, não é mesmo?

***


Universitário: 1- Conte um pouco sobre sua formação escolar. Onde estudou? Como era a escola? Como era sua relação com colegas, professores, funcionários, instituição?

Rodrigo: Estudei na Escola Estadual Profa. Irene Branco da Silva. Fica na Vila Rui Barbosa, subdistrito da Penha, Zona leste de São Paulo. Era uma boa escola na época que entrei e que foi se degradando com o tempo. Havia turmas de todos os períodos (na época, Primeiro e Segundo Grau), e lembro de ter participado de atividades no laboratório, biblioteca, quadra, além, claro, da sala de aula. Utilizei bem todos os recursos pedagógicos disponíveis.

Eu era um CDF na escola. Só que não era um cara fechado, quadradão; pelo menos não depois da oitava série, quando passei a estudar no período noturno. Tive uma relação muito boa com colegas de classe, funcionários, professores da escola, ou seja, com toda a instituição. Claro, até o momento que eu fiz o papel de “bom-mocinho”, pois quando fui tentar organizar uma festa para ajudar um professor muito querido por todos na escola que estava com um sério problema de saúde, tive uma relação conflituosa com a direção, que não queria autorizar a festa. Fiz um abaixo-assinado, colhi centenas de assinaturas, discuti a questão com colegas da escola e, mesmo não tendo realizado a atividade, foi importante para marcar posição e provocar a direção; além de constatar que eles nem sempre faziam o que era melhor para os alunos, mas o que era conveniente para eles.

U.: 2- O que motivou sua escolha pela carreira de professor? Quando tomou esta decisão?

R.: O que motivou mesmo a minha escolha pela carreira foi ter conhecido bons professores de história ao longo de minha trajetória discente, em especial nos últimos anos do Segundo Grau e um professor do cursinho. Mas, como eu falei, eu era um aluno CDF. E gostava de sentar com colegas, ajudá-los nos momentos de dificuldade, participar de seminários, etc. Acho que eu já tinha uma pré-disposição para a carreira docente. Mas a decisão, mesmo, só foi aos quarenta minutos do segundo tempo, pouco antes de indicar a opção nos vestibulares da Unesp e Fuvest. Antes, eu havia pensado também em Psicologia.

U.: 3- Na sua descrição que aparece no livro “Te pego lá fora” é dito que você já recebeu propostas para lecionar em instituições de ensino privado. No entanto, você recusou. Por que esta opção pelo ensino público? Para você, o que está em jogo na oposição entre ensino público e privado?

R.: Primeiro, eu sempre estudei em instituições públicas de ensino. Desde o pré, até a Faculdade (formei-me na USP). Tenho uma convicção de que todo o investimento de dinheiro público que foi feito na minha formação, na minha pessoa, tem que, de certa forma, ter um retorno à sociedade. Acredito que este retorno se dá a partir do momento em que eu faço a opção de trabalhar numa instituição pública de ensino, apesar das enormes dificuldades: administrativa, organizacional, salarial, pedagógica, etc.

Outra coisa é que eu acredito que a Educação deveria ser pública, gratuita e de qualidade, para todos. Sem distinção. A partir do momento que transformamos a Educação em mais uma mercadoria, separamos o que algo é algo de Direito para todos em um objeto de consumo – com variantes qualitativas – disponíveis para poucos, reproduzimos um problema seríssimo: a desigualdade. Então, por isso esta opção pelo ensino público, gratuito.

Hoje em dia eu até repenso esta minha opção em não trabalhar em colégios particulares. Em certos momentos eu acho que até deveria estar lá para provocar esta instituição, provocar os valores que ela traz em si e os valores que os alunos que a freqüentam possuem. Mas não sei se conseguiria conciliar com o ensino no Estado e, dentro da minha chatice, sinceridade e seriedade que compartilho na minha profissão, acho que não duraria muito tempo também.

U.: 4- Conte um pouco sobre suas primeiras impressões como professor. O que mais lhe marcou no início da vida docente? O que foi mais fácil/difícil, interessante, etc?

R.: O que mais me marcou no início foi o “batismo de fogo”, realizado pelos professores. Lembro muito bem da experiência que foi a primeira vez que eu entrei numa sala de professores: as pessoas me olhando, tal qual eu fosse um animal, um objeto estranho. Uma curiosidade excessiva de olhares sobre a minha pessoa, uma coisa invasiva. Eu tinha apenas vinte anos, uma cara de moleque de Ensino Médio na sala dos “Veteranos”. Quando eles souberam que eu era o professor substituto que havia atribuído algumas aulas livres, quase deram risada. O que choveu foi conselho: - “Olha, cuidado. Nessa escola só tem animal.” “Rapaz, bem-vindo. Seja firme, você vai entrar numa jaula.” Foram estas palavras utilizadas. Ou seja, recepção melhor, não podia ter existido...

Para mim o que foi mais fácil foi a relação com os alunos. Descobrir que eles não são aqueles “animais” que os professores apontam. São difíceis de lidar, como toda criança e adolescente algumas vezes são muito difíceis, mas não a ponto de desumaniza-los daquela maneira. Procurei sempre vê-los como gente, como pessoas, em primeiro lugar tratá-los com respeito para poder exigir isso deles. Isso facilitou muito.

A minha maior dificuldade foi com a minha insegurança. A dificuldade em acreditar que eu era capaz de lecionar, que eu podia fazer aquele trabalho. Isso foi, e em partes ainda é, o mais difícil para mim. Com o tempo eu descobri que a experiência prática das coisas vai nos trazendo mais segurança. O tempo é um fator muito importante. E além disso, a preparação, o estudo, são vitais para diminuir esta sensação. Quanto mais preparado, mais organizado em relação ao que ia fazer eu estava, menos inseguro eu ficava. Ainda que nada do que eu tivesse preparado fosse executado da maneira como eu pensei, se eu me preparei, mais seguro estava.

U.: 5- O conjunto de experiências relatadas em seu livro chama a atenção para diversos problemas encontrados em grande parte das escolas públicas atualmente. Gostaríamos que você relatasse um pouco como você enfrenta alguns destes problemas, por exemplo:

a) Em contos como “Cara-de pau”, “Um estranho no cano”, “Socá pra dentro”, “Medo”, podemos perceber uma relação extremamente hostil dos professores e funcionários da escola em relação aos alunos, que são frequentemente insultados, ofendidos, humilhados e até mesmo agredidos fisicamente. Como você lida com esta situação no seu dia-a-dia? Você tem alguma opinião sobre as possíveis causas deste problema?


R.: Com muita revolta. A hostilidade, ofensas, humilhação e violência é uma situação quase que cotidiana dentro da escola. Tanto por parte de alguns alunos, quanto por parte de funcionários e professores.

Da minha parte, eu tento lidar com esta situação através do diálogo, respeito. Algo que não abro mão dentro de sala de aula ou da própria escola é o respeito. Estabelecermos sempre uma relação cordial, onde as regras do contrato – pedagógico – tem que ser claras, o papel de cada um naquele espaço, tem que estar claro. E quando não estão, quando este contrato é violado, por alguma das partes, tem que sentar e conversar. O diálogo, a clareza das coisas é fundamental dentro da escola. E quando o diálogo, a conversa, a clareza das coisas não funciona, sanções, reparações e punições devem ser aplicadas.

Com relação a colegas e alunos, tento orientar, ambas as partes. Se observo alguma postura que não gosto de algum companheiro, tento chegar, conversar. Se for amigo, um bate-papo informal, trocar uma idéia; se não for, expor a situação, o problema em algum espaço legitimado para isso, seja um HTPC, seja um conselho de classe. E, no caso do aluno, eu relato o que ele pode fazer a nível institucional para resolver o problema.

Algumas idéias sobre a causa deste problema eu penso que são: a desorganização do espaço escolar, tanto administrativamente quanto pedagogicamente; a falta de autoridade (não autoritarismo) e profissionalismo por parte de alguns profissionais da educação; a falta de regras claras que definam os papéis de cada um dentro daquele espaço, entre outros.

b) Em contos como “A.B.C.”, “Aprendiz”, “Bia não quer merendar”, “Nos embalos”, “Questão de postura”, “Miolo mole frito”, “A placa”, são retratadas situações que muitas vezes ultrapassam os muros da escola e mostram a extrema violência, em diversos aspectos, a que estão submetidos os alunos. Em diversos casos tais situações chegam a provocar a evasão escolar, como em “A placa”. Como você encara esta situação? E a instituição escolar? Há alguma preocupação com a vida dos estudantes por parte dela?

R.: Vejo isto como um problema muito sério. Na escola, acabamos por estabelecer uma relação humana, pedagógica, social com os alunos, baseada principalmente na confiança. Depois que você está há um tempo na escola – pelo menos um ano, um ano e meio, acredito – desenvolvendo um trabalho sério com uma mesma turma, você consegue adquirir a extrema confiança deles. E com isso, muitos destes casos que aparecem as vezes de maneira superficial – no sentido de só vermos a ponta do iceberg – são apresentados a você de uma maneira mais profunda, mais intensa, até como forma de compartilhar não apenas a violência, o problema, mas a sua solução.

Da minha parte, procuro não me omitir quando vejo uma situação destas. Converso muito com os alunos, com o seu consenso informo a situação à Coordenação, à Direção da escola; se necessário converso com os responsáveis. A questão das drogas, a violência doméstica, o abuso sexual, o trabalho infantil, entre outros, são questões que estão colocadas, existem, não podem ser ignoradas. Só que é muito difícil lidar com isto já que muitas vezes lidamos sozinhos com estas situações. A escola, enquanto instituição, deveria responsabilizar-se, mas infelizmente não o faz, e quando o faz, faz de uma maneira equivocada. Eu creio que os profissionais que fazem parte dela não estão preparados – como muitas vezes eu não estou – mas o maior problema é o desejo de não querer se aprofundar nestas questões, já que elas demandam tempo, responsabilidades e muito trabalho. Somados ao nosso já cotidiano massacrante, estas questões são muitas vezes ignoradas ou postas de lado, o que não resolvem as violências pelas quais estão submetidas estas crianças e adolescentes.

c) Em contos como “Da frente do front”, “Papo reto”, “Perdidos na selva”, “Um estranho no cano”, a situação de tensão constante também parece afetar a relação entre os professores, entre estes e a direção da escola, e daqueles que trabalham na escola com as outras pessoas de seu convívio social. Frequentemente os professores que acreditam na educação pública como um princípio aparecem taxados como “idealistas” ou “ingênuos”, e são coagidos moralmente para se “enquadrar no esquema” e agir como todos os demais. Conte como você lida com esta situação no seu cotidiano.

R.: Olha, algumas vezes eu dou risada, em outras eu finjo que não é comigo. Muitas vezes eu tento apenas ignorar este tipo de comentário, mesmo porque se for rebater a toda hora, a todo instante em que eles são manifestados, não faria outra coisa na escola. Mas há determinados momentos que precisamos questionar estas opiniões e posturas, principalmente quando isso se manifesta quase como uma coerção moral. Mesmo porque senão acabamos caindo na idéia de que não é possível mudar, de que nada funciona, nada dá certo. Algumas vezes eu sinto isto, claro, faz parte, dependendo do dia, dos problemas e situações que enfrentamos, ficamos enfraquecidos, querendo desistir. Mas no dia que eu tiver a desistência total como princípio, como muitos colegas meus já fizeram, eu abandono a escola. Acredito que será mais salutar para mim, para os profissionais que me rodeiam e para os alunos.

U.: 6- Em “Da frente do front” é mostrada a relação conflituosa existente entre os professores e alunos que defendem a escola pública e o governo, responsável por sua gestão. Em “Papo reto”, este mesmo conflito é colocado dentro dos muros da escola, com a direção. Como você enxerga a gestão da educação pública hoje em dia? Ela é democrática? Você considera que possui autonomia para desenvolver seus projetos e seu método pedagógico? Como você lida com isto?

R.: Pergunta um “tantinho” quanto complexa. Primeiro, precisamos definir o conceito do que entendemos por democracia. Democracia é “o poder pelo povo”? Certo. Mas entendo que, na instituição escolar, democracia é a garantia de você ter direitos. Ou seja, uma escola democrática, pra mim, é aquela que garante um bom aprendizado e desenvolvimento do aluno, enquanto estudante e enquanto ser humano. Avaliando por este ponto, nossas escolas não são democráticas. Não apenas porque os alunos não participam das instâncias de decisões – e existem algumas delas que eles não devem participar, já que existe a necessidade de uma certa maturidade e aprendizado técnico, profissional – mas porque eles não estão tendo a garantia dos seus direitos respeitados. Desde o direito mais básico, como o direito à vida e ao desenvolvimento pleno e seguro, quanto o seu direito à educação, cultura, lazer, respeito. Isto não está acontecendo em nossas escolas.

Com relação ao desenvolvimento de projetos pedagógicos, temos autonomia sim. Em alguns pontos, autonomia até demais, eu acho. Pois o fato de não haver uma fiscalização, de não haver uma cobrança sobre o trabalho dos professores, é parte da responsabilidade desta lambança que temos hoje no ensino.

Por outro lado, não concordo com o método que a Secretaria de Educação Estadual está querendo “corrigir” este erros, com os “caderninhos” de proposta curriculares para o ano letivo. Aquilo chega a soar como ridículo. Primeiro porque desconsidera todo o aprendizado, toda a formação profissional do professor, responsabilizando-o pela nossa situação catastrófica por “não saber ensinar”, e as coisas não são bem assim. Segundo, o Estado, com estes cadernos, faz o professor se comprometer com metas pelas quais ele sabe que o professor não poderá cumprir. Por exemplo: em História, nos quatro anos do ciclo II do Ensino Fundamental, parece que somos obrigados a trabalhar a história de “Deus e sua época”, ou seja, tudo. Isto é inviável. Seria muito mais ético fazer com que os professores estabelecessem sim, uma proposta curricular, um programa de trabalho ao longo do ano, mais um programa sincero, nas quais os profissionais pudessem se comprometer com a sua meta e realização real, na prática, e não essa proposta curricular que é quase impossível de se fazê-la cumprir com o aluno tendo o aprendizado concluído – já que esta também é uma questão posta: qual o nosso objetivo? Aplicar o programa, a proposta, na sua totalidade, como eles mandam – ou seja, conteúdo, conteúdo, conteúdo -, ou fazer o aluno apre(e)nder, de verdade, ainda que seja o mínimo e necessário? Das duas, eu fico com a segunda. Prefiro que o aluno apreenda um conteúdo mínimo proposto, com informações elementares à sua vida, e tenha domínio sobre isso.

Que fique claro: não se trata de se comprometer com a “educação mínima”, ensinar apenas o básico aos alunos, não é isto. Mas rever a nossa proposta curricular atual e determinar o que é viável, praticável e possível inclusive para que isto possa ser cobrado e sua execução avaliada.

U.: 7- Por fim, podemos ver hoje em dia uma série de conflitos políticos colocados na cena da educação pública, com diversas greves e protestos dos professores não apenas pelo aumento salarial, mas também contra políticas do governo estadual. Como você vê o papel político dos professores atualmente? Qual a sua importância? Como você enxerga a atuação da APEOESP?

R.: Os professores não tem um papel político atuante atualmente, com raras exceções, é claro. A maioria está de saco cheio de tudo, querendo apenas saber quanto vai cair de salário e pronto. Não os culpo por chegarem nestas situações, muitos deles devem inclusive ter sido “idealistas” como sou hoje e, por conta da estrutura, do governo, da direção, e dos raios-que-o-partam, chegaram a este ponto. Não os culpo por isto. Irei culpá-los se estiverem de saco cheio, cansados e continuarem na rede, empurrando com a barriga, fazendo um péssimo trabalho, enganando os pais, a sociedade, os alunos. Aí devem ser responsabilizados. Mesmo porque, eu fico pensando – agora, neste exato instante – se houvesse um êxodo em massa de profissionais da educação, um grito de “Basta!” emitido pelos professores, talvez o governo tivesse que fazer mudanças que são profundamente necessárias em relação a nossa categoria.

Os professores não são valorizados hoje em dia. E por responsabilidade sua, em primeiro lugar. O docente não se valoriza muitas vezes enquanto pessoa, enquanto profissional – na sua formação. O governo só complementa o trabalho.

A APEOESP deveria servir para alguma coisa, já que é um dos maiores sindicatos da América Latina. Eu ainda estou tentando descobrir para o que ela serve, por isso que sou filiado. E apesar do número de professores sindicalizados, não acho que ela tenha a representatividade em nosso meio como parece. E para mim um dos problemas é que ela mesmo não se leva a sério.

A APEOESP deveria defender a educação, mas ela só sabe defender a corporação. Isso, é grave. Pois o fato de uma pessoa ser professor não significa que ela é uma boa pessoa, um bom profissional. Qualquer ser humano que estude, faça uma faculdade boca-de-esquina qualquer ligado à área educacional pode se tornar um docente, e aí? Por isso ele se torna um cara, uma mina legal? Então não acho que todo professor é defensável, e a APEOESP faz isso – não que não tenha direito de defesa, mas não se pode colocar todos como “santos” como este sindicato muitas vezes faz.

Outro problema da APEOESP é que ela sempre coloca, como carro-chefe de suas reivindicações, a questão salarial. É claro, é óbvio que o professor precisa ganhar melhor, ter um bom plano de carreira, isto é óbvio. Mas uma coisa eu tenho como certa: ainda que houvesse um aumento de 100% dos salários dos professores, não ia ter mudanças substanciais na qualidade da educação paulista. Não creio. O que ia mudar é que o poder de consumo, o poder de compra destes professores iriam aumentar, mas não acredito que isso fosse ter um grande impacto na educação. Muitos docentes não iam abandonar seus outros cargos por conta do aumento, muitos docentes não iam melhorar a preparação de aulas por causa do aumento, muitos docentes não seriam mais decentes, mais humanos na relação com os alunos que eles tratam como lixo, como bicho, muitas vezes, só por causa deste aumento. E o sindicato só fica nesta ladainha: aumento, aumento, aumento.

Acho que tem outras coisas para serem colocadas na pauta de reivindicações, não apenas como adendo, mas como proposta mesmo. Uma coisa já falei é a questão da proposta curricular: fazer uma proposta viável. Discutir, seriamente, o que o aluno deve aprender na escola, o que é possível ensinar durante um ano letivo, já que a história de “Deus e sua época” não é possível. Outra coisa: vamos diminuir o número de alunos por sala. Vinte alunos por sala, já. Pra ontem. Que se construam mais escolas, que se repense os seus horários, não importa. Vinte alunos por sala, já. É um número razoável, satisfatório e adequado para o professor trabalhar, desenvolver diferentes propostas, projetos. Entre outros coisas. Se o professor conseguisse ensinar os seus alunos dentro de uma proposta curricular viável, em que todos aprendessem, trabalhando ao longo de alguns anos letivos numa sala com vinte alunos, tenho plena convicção de que algumas mudanças surgiriam: a) a evasão, problemas de indisciplina, diminuiriam; b) a qualidade da educação melhoraria; c) alunos e professores estariam mais satisfeitos, com auto-estima elevada.

Posso dizer, com toda franqueza, que eu dispensaria inicialmente um aumento de salário se eu tivesse condições pedagógicas, administrativas e estruturais para trabalhar, se eu estivesse satisfeito com o meu trabalho. Ficaria lá, com os meus quatro salários mínimos, sem problema. Nós, seres humanos, não somos apenas material, não é só a massa e o concreto que importam, mas precisamos de realização, precisamos saber que o nosso trabalho, o nosso investimento está rendendo bons frutos, que não é apenas um gasto, uma energia, física, emocional, mental que você aplica e vai pro espaço, não é aproveitada. Se nós conseguíssemos executar ações capazes de fazer com que tenhamos este retorno, com que tivéssemos resultados, seria muito mais benéfico para todos, e acredito que muitos de meus colegas professores estariam satisfeitos com isto.

U.: 8- Gostaria de fazer alguma consideração final?

R.: Apenas que as questões aqui colocadas são bem complexas, que eu não tive o tempo adequado para responder à todas, já que as respostas demandariam semanas, meses de pensamento, reflexão e ação, mais do que apenas a semaninha que tive para fazê-las. Dizer que Educação é algo que eu levo muito a sério, gostaria que as pessoas envolvidas neste meio também o fizessem e, se acha que não dá conta, se acha que não é possível mudar, se acha que não tem o que fazer; se você não está a fim de investir nessa guerra que parece que não terá fim e que não conseguiremos uma transformação, seja sincero contigo, abandone o barco e vá fazer outra coisa da vida. Eu mesmo já pensei em desistir – estou pensando muito nos últimos meses –, mas enquanto acreditar, prossigo. Quando desistir, se desistir, aviso. Gostaria que outros profissionais da educação fizessem o mesmo.

Quem vai começar a mudar a educação não será o governo, não apenas. Seremos nós. Aqui em São Paulo um partido político está há quinze anos tocando o barco e não conseguiu tapar os buracos. Já estamos com a água no pescoço e afundando. Portanto, temos muito trabalho a fazer. Façamos. Não podemos perder mais tempo.